Revista Graphprint - Edição 170 - page 50

ARTIGO
GRAPHPRINT OUTUBRO16
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Concentração émal que
assombrao setor depapel
PorVitorPaulodeAndrade*
Capilarizado e diversificado para atender a deman-
da produtiva de um país de dimensão continental,
omercado brasileiro de papel é tão atraente quan-
to complexo. Por isso, algumas perguntas podem
receber respostas contraditórias, dependendo do
interlocutor questionado. Uma delas seria: qual o
tamanho do mercado de distribuição de papel no
Brasil e quem o atende?
Quem acompanha e faz parte da história do setor
sabe bem das transformações vividas, seguindo
mudanças econômicas e sociais da sociedade bra-
sileira. Neste momento, os rumos setoriais estão
pegando umnovo curso.
Sim,aerada informação,osavanços tecnológicose
os meios digitais sãomotores acelerando transfor-
mações profundas e em processo no mundo todo.
Mas, especificamente no Brasil, outro “fenômeno”
tem precipitado um redesenho do mercado forne-
cedor de papel, sobretudo na oferta do produto es-
trangeiro. Até o início do ano passado, os usuários
de papel contavam com dezenas de fornecedores,
importadores. Agora, parte deles foi excluída do
mercado.
A crise econômica pode até servir de argumento
para alguns,mas, na prática, ajuda amascarar dis-
torções na competitividade. Afinal, os volumes de
papéis consumidos e comercializados diminuíram
substancialmente, como mostram as matérias es-
tatísticas desta edição.
A redução do número de players em si não é um
problema, ao contrário. Pode até ser reflexo de
amadurecimento setorial. O ponto crucial é o de-
sequilíbrio de forças que já assola o segmento de
papel cuchê. Aproduçãonacional estánasmãos de
umúnico fabricante, que tem capacidade limitadae
inferior à demanda. Com isso, os usuários de cuchê
dependemdo produto estrangeiro.
Aomesmo tempoemqueomercado retrai eos dis-
tribuidores importadores reduzem seus volumes,
um único player aumenta suas compras externas
de forma que sua participação salta de 12% para
35%. Uma concentração dessa ordem compromete
todaacadeiadenegócios,comoagravantedeestar
nasmãos dequem já controla a produçãonacional!
O que vínhamos alertando, começa a ser sentido. A
concentração é danosa aos distribuidores e igual-
menteaosconsumidoresdepapel.Afinal, são fartos
os exemplos de setores econômicos concentrados
e dos estragos causados em outros elos da cadeia
produtiva.
Acreditamos que a livre e saudável concorrência
continua sendo o melhor nas relações comerciais
e o meio eficaz de garantir a entrega dos papéis
nos volumes e condições que a indústria gráfica e
editorial precisa. Atender com excelência–mais do
quemissão e objetivo – é a verdadeira vocação do
distribuidor de papel!
*PresidentedoconselhodiretordaAssociação
Nacional dosDistribuidoresdePapel (Andipa)
1...,40,41,42,43,44,45,46,47,48,49 51,52
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