Revista Graphprint - Edição 161 - page 11

GRAPHPRINT DEZEMBRO15
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Entrevista
GRAPHPRINT: Inegavelmentevivemosmaisumanodifícil
para a indústria gráfica brasileira e, pelo andar da car-
ruagem, as estimativas futuras tambémnão sãoalvissa-
reiras para 2016. Nesse sentido, como o senhor enxerga
os novos tempos da indústriamovida pela impressão?
Ceregato:
Começamos 2015 imaginando que teríamos uma
queda de 1,2% ou algo em torno disso na indústria gráfica
como um todo em relação a 2014. Acontece que nossas pro-
jeções indicam agora queda de 12%, ou seja, um número
bem significativo. Claroquealguns setores irão sofrermenos,
como o de embalagens, quedeve fechar o ano comquedade
6%,mas em contrapartida o promocional vai cair aindamais.
A indústria de transformação também tende a registrar uma
queda de algo em torno de 12%. Inegavelmente, 2015 foi um
anoatípico,quemachucoubastanteasempresas. Outrodado
que nos deixa em alerta foi a redução significativa de postos
de trabalho, commais de 3mil baixas no terceiro trimestre.
A informaçãose tornaaindamaispreocupanteporqueosetor,
de ummodo geral, não tem características de demissões e
admissões sazonais. Sabemosquenãoéqualquer trancoque
leva o pessoal de liderança a demitir, pois as empresas lidam
com operadores qualificados. Definitivamente, 3 mil postos
de trabalho amenos preocupa a indústria gráfica.
Mesmo com tudo isso pesando desfavoravelmente, somos
uma indústria de capital intenso. Somente emmaquinários,
importamos, em 2014, quaseUS$ 1bilhão, e nos últimos cin-
co anos foramUS$ 5bilhões investidos.
Do lado favorável, temosnotadoumesforçosignificativo rumo
àexportação.Aindanãopodemos falar em resultadosconcre-
tos em vendas,mas há um esforço de vendas importante. As
empresasbrasileirasestãobuscandomercados compradores
externos.A vidacontinua, temosdecontinuar otimista. Nosso
segmento está tecnologicamente equipado com o que há de
maismodernomundialmente. As notícias ruins não farão su-
cumbir nossomercado.
GRAPHPRINT: A Abigraf já preparou uma agenda para
2016? Quais as barreiras que precisam ser derrubadas
para que o setor consiga enxergar novos horizontes?
Ceregato:
A exportação começa a ser um campo propositivo
para2016. Ocâmbio,atualmente favorável,deveperdurar nes-
sa condiçãopara2016. Outroponto importanteéa valorização
dopapel do impresso.A impressãoainda temumaparcelasig-
nificativanaáreadacomunicaçãoem todosos canais.
Em 2016, teremos eleições e Olimpíadas, que trarão um
novomovimento à indústria da impressão. Omercado gráfi-
co brasileiro tem uma geografia bem pulverizada, composto
por 95% de empresas pequenas. Nesse sentido, eleições e
Olimpíadas têm o poder de movimentar a indústria gráfica.
O evento esportivo também pode servir como uma alavanca
para as grandes gráficas.
GRAPHPRINT: Osetor gráficobrasileiro fechouoanocom
quantas empresas? Quantas ficaram no meio do cami-
nho em 2015?
Ceregato:
Não temos,nomomento,essesnúmeros fechados,
mas posso adiantar que não são significativos. Como 95%
dasempresas têmaté10 funcionários, nãoháummovimento
abrupto no sentido de encerramento de atividades.
Algumas empresas deixam de operar por decisão do próprio
acionista, uma vez que, geralmente, são familiares sem su-
cessão empresarial. Os líderes param e não há sucessor pre-
parado, em vários casos.
Há outro cenário extremante perverso: juros extremamente
elevados. Crédito para novos investimentos e também para
capital degiroestáescasso. Equandoexiste, háuma seleção
grande que impedemuitos negócios.
A carga tributária continua sendo um ingrediente pesado;
quase 40% do PIB no Brasil é composto por impostos. Tudo
isso reduz a capacidade de investimento das empresas e os
resultados aparecem no balanço final. Algumas empresas
“Somos uma indústria de capital intenso. Somente emmaquinários, importamos, em 2014, quase
US$ 1 bilhão, e nos últimos cinco anos foramUS$5 bilhões investidos. Do lado favorável, temos
notado um esforço significativo rumo à exportação.Ainda não podemos falar em resultados
concretos em vendas,mas há um esforço de vendas importante.As empresas brasileiras estão
buscandomercados compradores externos.A vida continua, temos de continuar otimista. Nosso
segmento está tecnologicamente equipado com o que há demaismodernomundialmente.As
notícias ruins não farão sucumbir nossomercado.”
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