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GRAPHPRINT DEZ 13
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Nossa visão sobre a nova oferta de impressão de livros didáticos customizados no Bra-
sil. Na semana passada, a Courier (www.courier.com) – terceira maior gráfica de livros
dos Estados Unidos – anunciou, em seu site, que está em entendimentos finais para a
compra de 40% da gráfica Digital Page, situada em Guarulhos, São Paulo.
O anúncio mostra que há dois movimentos simultâneos. O primeiro é relativo à compra
da participação; o segundo evidencia a parceria estabelecida com a Editora Moderna
(Santillana) para a implantação do sistema Courier de customização de livros didáticos.
Essa plataforma permitirá o desenvolvimento de conteúdos específicos para escolas
ou regiões. A Courier tem um conjunto completo de soluções para a área editorial, per-
mitindo a integração de conteúdos e a sua disponibilização em diferentes mídias, em
especial a impressão na escala que for mais conveniente ao título.
Daí a utilização não somente de rotativas e impressoras offset, como a forte utilização
dos processos de impressão digital, de máquinas de folhas, até as novas rotativas HP
inkjets para médias tiragens.
Sem dúvida, nesse último aspecto, a Digital Page passou a ser um alvo estratégico, por
ter começado com foco no digital, por ser a primeira no Brasil a instalar uma inkjet T300
da HP e por ter uma aliança estratégica com a Editora Moderna, apesar de atender a
diferentes editoras.
A vinda da Courier deverá marcar uma virada de jogo importante no mercado editorial
educacional no Brasil.
Há muito tempo as grandes editoras do setor vêm se questionando quanto a novos (pos-
síveis) modelos de negócios proporcionados pelas tecnologias digitais e a possibilidade
de interação em tempo real com professores, autores, estudantes e a comunidade.
A forte expansão da base estudantil no Brasil nos últimos anos, o crescimento das
universidades, o crescimento acentuado dos sistemas de ensino e o programa gover-
namental do livro didático atraem o investimento de grandes grupos nacionais e inter-
nacionais devido à dimensão do mercado.
Basta ver o crescimento da base de escolas e sistemas de ensino da Abril Educação e
do Positivo, entre outros, assim como a vinda nos últimos anos da Pearson (COC), da
Santillana (Moderna), Thomson Reuters (Revista dos Trinunais), Planeta (Barsa), Oxford
University Press, MacMillan etc.
O mercado de alto volume no Brasil ainda é concentrado no livro impresso em grandes
quantidades, seja pela imutabilidade do PNLD do governo com distribuição central, seja
pela busca do menor custo por página no fornecimento ao mercado e, consequen-
temente, sem personalização e customização, seja pela busca do melhor modelo de
integração entre o mundo digital nascente e as diversas formas possíveis de interação.
Com a nova proposição proporcionada agora pela tecnologia Courier-Digital Page-HP
esse quadro pode começar a se alterar mais rapidamente.
Do ponto de vista gráfico a proposição
de valor da Courier é clara: oferecer so-
luções aos editores na melhor gestão e
disponibilização de seus conteúdos.
Conteúdo é a matéria-prima da editora.
Gerenciar e disponibilizar em diferentes
mídias e viabilizar em diferentes volumes
de impressão é, sim, uma decisão estra-
tégica e faz parte do negócio gráfico.
A vinda da Courier com essa visão
mudará, no meu entender, a visão de
editores e gráficos em relação a esse
posicionamento. Novas oportunidades
surgirão, derrubando mitos em relação
à qualidade e dando uma nova aborda-
gem de volume vs. preço vs. custo total
do processo.
Como diria Darwin, os que se adapta-
rem vão sobreviver e crescer.
A participação da Courier (EUA) na
Digital Page (Brasil) pode mudar o
jogo no mercado de livros didáticos
Por Hamilton Terni Costa*
* Hamilton Terni Costa é diretor da
ANconsulting
ARTIGO