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GRAPHPRINT NOV 13
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ENTREVISTA
GRAPHPRINT - Qual a principal mudança no comporta-
mento de consumo dos meios? Quais as principais ca-
racterísticas desse novo cenário?
Juliana:
Podemos dizer que a principal mudança no consumo
dos meios é que ele deixou de ser linear para se tornar frag-
mentado. Hoje em dia, as pessoas tendem a alinhar o consu-
mo de mídia ao seu estilo de vida. Fenômenos como o binge
watching e o consumo on demand, são exemplos disso. Outra
característica desse novo cenário é o consumo simultâneo
de dois ou mais meios. Atualmente, um terço da população
brasileira já afirma assistir TV enquanto navega na internet.
A convergência de meios também é um traço comportamen-
tal importante, isto acontece quando as pessoas assistem à
TV pela internet ou acessam
a internet por meio do apa-
relho de TV, por exemplo.
Por fim, podemos destacar
a necessidade de interação
do novo consumidor; em-
bora ele seja dispersivo, ele
quer fazer parte da história
da marca e co-criar conte-
údos. O fenômeno do Social
TV é um ótimo exemplo des-
te comportamento: Grande
parte dos internautas tem o
hábito de comentar na rede
sobre a programação da TV a
que está assistindo.
GRAPHPRINT - Como o mercado percebe a internet: como
um meio ou uma plataforma?
Juliana:
Nós fizemos uma pesquisa com nossos clientes e, de
maneira geral, os resultados apontam que na Colômbia, Peru,
Equador , Guatemala e Costa Rica, 68% consideram a internet
como um meio de comunicação, enquanto 32% a percebem
como uma plataforma. No Brasil, esses percentuais são 53%
e 47%, respectivamente. Já em Miami, o resultado é inverso:
73% consideram a internet uma plataforma e 27%, um meio
de comunicação.
GRAPHPRINT - Quais as diferenças nessas percepções?
Juliana:
Quando a internet é percebida como um meio de
comunicação pelo mercado, o cenário é muito mais compe-
titivo. É como se internet concorresse com os demais meios
pela atenção do consumidor. Porém, quando a internet é vista
como uma plataforma, o cenário se torna mais contributivo,
porque a rede passa a ser percebida como uma ferramenta
agregadora de conteúdo. Podemos dizer que no Brasil esta-
mos próximos a essa última concepção, mas ainda há uma
percepção do mercado de que a internet compete com os de-
mais meios, ao invés de agregar valor a eles.
GRAPHPRINT - Com a popularização da internet, pode-
mos dizer que os meios tradicionais vão morrer?
Juliana:
A melhor forma de responder a essa pergunta é com
uma afirmação do Henry Jenkis, em que ele diz que os meios
tradicionais não vão morrer, o que vai morrer é a nossa ma-
neira de lidar com eles.
Hoje, o consumo é mais fragmentado, mas os meios não estão
morrendo, é o consumo que
está mudando. Antigamente,
imaginava-se que o consumo
de meios no formato digital
seria muito maior do que no
formato tradicional, mas a re-
alidade se mostrou diferente.
O que vemos, hoje, é o digital
trazendo atributos aos meios
tradicionais, no que chama-
mos de tradigital, ou seja, o
consumo tanto no formato
tradicional, quanto digital.
GRAPHPRINT - Na compara-
ção com os demais meios,
jornal e revista apresentam
maiores índices de consumo exclusivamente no formato
digital. Por que isto acontece?
Juliana:
Podemos dizer que o jornal e a revista têm uma vo-
cação voltada à segmentação, pois estão atrelados às notí-
cias, ao consumo do conteúdo em si mesmo. Esse conteúdo,
inclusive, tem uma forma líquida, ou seja, é adaptável ao meio
digital. Você não precisa necessariamente de uma alta quali-
dade de banda larga para ler uma notícia, por exemplo. Além
disso, a busca por informação é algo natural e está ligada à
criação e desenvolvimento da internet.
GRAPHPRINT - Como você acha que será o planejamento
de mídia no futuro?
Juliana:
Eu diria que o futuro é agora! Cada vez mais, já po-
demos contar com ferramentas que trazem respostas preci-
sas, com diversas possibilidades de análises. No estudo do
Social TV, por exemplo, trabalhamos com o viral performance,
“Hoje, o consumo é mais fragmentado,
mas os meios não estão morrendo,
é o consumo que está mudando.
Antigamente, imaginava-se que o
consumo de meios no formato digital
seria muito maior do que no formato
tradicional, mas a realidade se
mostrou diferente.”