Page 10 - 135

Basic HTML Version

ENTREVISTA
GRAPHPRINT AGO 13
10
GRAPHPRINT: As estratégias da empresa caminham para
a demanda web to print?
Quidicomo Neto:
Eu acho que todos os negócios, em qual-
quer produto de impressão, rumam em direção à pergunta.
Quando o fabricante pensa em desenvolvimento, pondera a
portabilidade, a nuvem, a tecnologia da informação comple-
ta. É parte do dia a dia dos negócios, sem exceções.
Como fabricantes de hardwares, lançamos conceitos. Por
isso, é necessário apresentar produtos para receber as de-
mandas. O equipamento 6450, por exemplo, garante ao clien-
te a calibração garantindo que as máquinas produzirão exa-
tamente as necessidades dos clientes. É um ganho de escala
importante na parte de produção.
GRAPHPRINT: As recentes oscilações cambiais trouxe-
ram dificuldades?
Quidicomo Neto:
A indústria gráfica passa por um momen-
to em que muitas gráficas não vão conseguir se adaptar ao
modelo digital. É um caminho natural, teremos fusões e en-
cerramento de atividades.
Não acho que o câmbio tenha refletido, por ser uma oscilação
recente. Lá na frente pode haver consequências, hoje não.
Mesmo assim toda variação cambial tem de ser acompanha-
da de perto, pois nossos produtos são importados e por isso
fazemos avaliação de preços a cada trimestre.
O fato é que o mercado digital trouxe uma nova cultura, com
produtos mais baratos e com características bem diferentes.
Uma delas é que o equipamento se torna obsoleto com mais
velocidade.
GRAPHPRINT: E como mudar uma cultura de mercado?
Quidicomo Neto:
Costumo fazer uma analogia com o mer-
cado de carros. Antigamente, um veículo de 10 ou 15 anos
conseguia manter um razoável valor de revenda. Atualmente,
com três anos, a grande maioria perde de 40% a 50% do
valor investido. Por outro lado, um carro antigo não tinha di-
reção hidráulica, vidro elétrico, GPS, entre outros acessórios
importantes de segurança. A conclusão é que hoje se paga
mais, em contrapartida os benefícios são maiores.
O mercado gráfico precisa entender que a tecnologia digital
veio para abrir novos mercados e não para concorrer com a
impressão offset, por exemplo. Um não vai substituir o outro.
Esse nunca foi o discurso da tecnologia digital.
Há um mercado novo, com volumes menores e demandas
que não são atendidas pelos equipamentos convencionais. É
uma inédita área de negócios.
GRAPHPRINT: Baseados em todas as informações da
companhia, como vocês sentem o mercado atualmente?
Quidicomo Neto:
Eu acho que é reflexo de toda e economia,
após passar por um momento bom, que foi a transição do
governo Fernando Henrique para o governo Lula, que teve
méritos em manter as coisas boas. Com isso, preparou o Bra-
sil para entrar no time dos países desenvolvidos. Hoje, todas
as marcas olham para o Brasil de uma maneira diferenciada,
assim como olham para os demais países do BRIC.
É por isso, também, que a Copa do Mundo e as Olimpíadas
serão realizadas aqui e, posteriormente, nos países que estão
com a economia aquecida. É assim que funciona. É preciso
criar oportunidades econômicas onde há capacidade de cres-
cimento. O dinheiro procura rotas para fazer os investimentos.
“A indústria gráfica passa por um momento
em que muitas gráficas não vão conseguir
se adaptar ao modelo digital. É um caminho
natural, teremos fusões e encerramento de
atividades.”
Quidicomo Neto
“A Canon adquiriu a Océ mundialmente. A
compra complementa o ‘line up’ que não
tínhamos. A conclusão disso tudo é que
hoje temos condições de concorrer com
qualquer outra empresa, só não temos
tecnologia solvente.“
Quidicomo Neto