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ARTIGO
GRAPHPRINT NOV/09
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Não me canso de ouvir dos colegas que estão estressados, que não saem de suas
gráficas antes das 8 da noite e muitos ainda levam serviço para casa. Funcionários
se queixam que estão sobrecarregados de trabalho e que acabam por não ter tem-
po de cumprir com as tarefas para as quais foram designados.
Uma das origens do mau desempenho no trabalho é a inabilidade psicológica
para aceitar e conviver com uma mudança, ou seja, uma nova postura de traba-
lho, separando o que seja importante do que é urgente. Outro fator, que atrapalha
constantemente nossas tarefas, são as interrupções telefônicas ou pessoais que
nada têm a ver com nossa função. E isso é uma presença constante nos diversos
ambientes de trabalho, principalmente nas áreas de pré-cálculo, PCP ou mesmo
na esfera de gestão.
No entanto, muitos funcionários simplesmente recusam-se a mudar de comporta-
mento, em alguns casos até fingindo que a interrupção não os incomoda ou não
existe. A razão é óbvia: têm medo de “magoar” o colega e preferem ignorá-la.
Precisamos fazer uma mudança urgente em nossa empresa, introduzindo novas
normas e procedimentos nas comunicações interdepartamentais. Muitas empre-
sas ainda permitem o uso do MSN, que muitas vezes é utilizado para conversas
paralelas que nada têm a ver com o trabalho propriamente dito. Para isso existem,
hoje, outras ferramentas de TI.
Resistir à mudança é uma atitude natural e previsível dentro de nossas empresas.
Na verdade, normalmente as pessoas bem-sucedidas no que fazem tendem de
início a serem as mais resistentes à alteração dessas normas e procedimentos
que estão embutidas no programa de boas práticas de fabricação e gestão. Elas
trabalham bem e obviamente não têm quaisquer razões para colocar em risco o
que conquistaram por seu próprio esforço e dedicação. Entretanto, levam muito
mais tempo para resolver situações, pois são interrompidos a cada momento, não
podendo se concentrar no que estão fazendo. Daí o dia não rende! Por essa razão
uma mudança é inevitável e se mostra positiva e produtiva; os funcionários mais
competentes deixam de resistir, aderem à nova sistemática e tentam extrair do
novo o melhor que podem. Adaptam-se com facilidade ao novo tempo e se inte-
gram à realidade que certamente facilita a vida. Vejam, por exemplo, se a cada
momento um cliente liga diretamente para o PCP para saber como é que está o
serviço. O que faz o departamento comercial? Este naturalmente deveria saber
automaticamente como andam os serviços de cada vendedor. É tudo uma questão
de normas e procedimentos, com ou sem TI.
Funcionários de desempenho mediano não têm essa postura de adaptação ao novo.
Muitas vezes, até resistem à transformação da realidade em que vivem. Para eles,
O gráfico estressado!
Por Thomaz Caspary *
a mudança é essencialmente negativa, traz em si problemas e o perigo ao ambien-
te de trabalho a que estão adaptados. A mudança de posturas ou normas significa,
muitas vezes, a perda do conforto e da tranquilidade de que desfrutam. Muitas ve-
zes, podem até não estar satisfeitos com a realidade à qual se integram, no entanto
conhecem-na e sabem perfeitamente em que terreno estão pisando. Convivem com
a certeza de relações de intercâmbio profissional estável, sentindo-se protegidos do
inesperado. É preciso também que se compreenda que para eles aceitarem as mu-
danças propostas pelas boas práticas significa que rejeitemo que atualmente fazem.
Aceitar a mudança é também uma prova adicional para os funcionários de mau
comportamento ou de hábitos ultrapassados no trabalho, onde o gestor não per-
cebe essa defasagem e onde os funcionários não são valorizados pelas gráficas. E
isso reforça nesses funcionários um sentimento de vitimização ou de herói-sofre-
dor, em que se vêem permanentemente subjugados.
Isso é muito ruim para a nossa gráfica, pois além do trabalho em si não render,
acarretando atrasos nas comunicações e, consequentemente, na produção e pra-
zos de entrega, acumula o que podemos chamar de “problemas ainda não resol-
vidos”, muitas vezes por falta de cobrança, ou mesmo por falta de um sistema de
normas e procedimentos que deve ser implantado em todas as empresas, sejam
elas micro, pequenas ou mesmo grandes gráficas.
Como resolver esse problema?
É preciso, em primeiro lugar, fazer uma análise do que acontece na gráfica, setor
por setor, iniciando-se na área comportamental de vendas, do pré-cálculo e da
administração de vendas, passando posteriormente para o PCP e áreas produ-
tivas. Detectadas as falhas, elabora-se um manual de normas e procedimentos
(boas práticas de fabricação e gestão), que deve ser feito por um elemento de
fora da empresa com conhecimento gráfico e das rotinas de trabalho em todos os
setores. É importante também que o gestor (seja o dono, diretor ou os gerentes)
seja suficientemente sensível e capaz de agir no sentido de fazer os membros
de sua equipe aceitarem a normas e sua mudança em vez de a utilizarem como
combustível para reforço de seus maus comportamentos, hábitos inadequados e
desempenho insatisfatório.