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MEMÓRIA
Por mais que as liberdades fossem cada vez mais cerceadas, boa
parte da população permanecia alheia aos atos do governo. No
Rio de Janeiro, dados do Ibope de 1975 demonstram que 95% dos
jovens da época não sabiam o significado do AI-5 (Ato Institucional
número 5), que em 1968 decretou a censura de toda e qualquer
manifestação cultural no Brasil.
“Até 68 foi possível driblar a censura até mesmo imaginar que o
problema da relação cultura e governo estava apenas na área da
ameaça às instituições. Mas como sempre, a repressão cultural é
incontrolável e acaba se radicalizando, dominada por aqueles que
acreditam que o problema não é ser contra ou a favor do gover-
no, mas simplesmente pensar livremente. Nesta hora, cessam os
limites e subversivo é tudo que propõe qualquer nova maneira de
ver as coisas, mesmo que não se trate de política. Em 68 fez-se a
Há 40 anos, o governo submetia à
censura todas as revistas do Brasil
De acordo com os resultados, para 41% dos entrevistados extinguir a
censura foi uma medida correta. Ao mesmo tempo, 27% continuavam
a acreditar que o governo não deveria permitir a divulgação de temas
atentatórios à moral e aos bons costumes
No dia 16 de abril
de 1973, o governo
brasileiro publicava
uma portaria
determinando que
todas as revistas do
país fossem submetidas
à censura vigente.
Como resultado, 14
publicações nacionais
e 46 estrangeiras
tiveram a sua
circulação proibida em
território nacional
definitiva noite”, descrevem as páginas do Arquivo Nacional.
O amanhecer dessa noite escura só veio acontecer em 1981, no
governo do general João Figueiredo. Na época, o Ibope foi às ruas
perguntar como as populações do Rio de Janeiro e de São Paulo
se sentiam com o fim da censura.
Na pesquisa, 8% declararam ainda que a medida adotada foi am-
pla demais. Outros 5% acreditavam que deveriam ser liberados
apenas os temas políticos e críticas ao governo, enquanto 4% de-
ram outras respostas e 17% preferiram não opinar a respeito.