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ARTIGO
GRAPHPRINT NOV 12
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medicamentos e alimentos, dentre outros
produtos essenciais.
Portanto, a somatória de forças de toda
a cadeia poderia sensibilizar o merca-
do e, especialmente, o governo, cuja
contribuição é importante no sentido
de equilibrar um pouco a capacidade
competitiva das empresas brasileiras
com as concorrentes internacionais, em
especial as que contam com o favore-
cimento de artifícios cambiais, custos
salariais muito baixos e processos pro-
dutivos desrespeitosos às boas praticas
ambientais e, portanto, mais baratos.
A indústria gráfica brasileira é forte e
competente. Tem todas as condições de
reagir e vencer a luta que se trava no
comércio mundial.
A indústria de transformação brasileira
precisa reagir de modo exemplar contra
o chamado “efeito China”, fazendo valer
sua tecnologia, know how e reconhecida
capacidade de trabalho. Nesse sentido,
não bastam as justas reivindicações de
alguns setores ao governo, relativas a de-
sonerações tributárias e da folha de paga-
mentos. Claro que a redução de custos é
importante, mas precisa ser acompanha-
da de um choque de eficiência e supera-
ção, do qual os brasileiros já demonstra-
ram ser capazes em diversos segmentos
do mercado.
Podemos tomar como exemplo o parque
impressor. Constituído por cerca de 20
mil empresas e empregador de 200 mil
trabalhadores, começa a sentir a con-
corrência externa de modo mais acentu-
ado, em especial no segmento de livros,
que, segundo a Associação Brasileira da
Indústria Gráfica (Abigraf Nacional), vêm
sendo cada vez mais rodados no exterior,
inclusive os didáticos, comprados pelo
governo para distribuir gratuitamente às
escolas públicas. Está correta a entida-
de, conforme se manifestou em matérias
e artigos de seus dirigentes na mídia, ao
se indignar com o fato de o dinheiro dos
impostos dos brasileiros destinado à aqui-
sição de livros para estudantes de baixa
renda estar gerando empregos na China e
em outros países.
Por isso, é hora de reagir. Os empresários
gráficos devem ser mais ousados, na pro-
porção em que exige a presente conjuntu-
ra. Por que não prospectar de modo mais
amplo e consistente também o mercado
externo, num estratégico contra-ataque
aos concorrentes estrangeiros, para re-
É hora de reagir ao “efeito China”
Por Dieter Brandt*
aver a demanda de serviços impressos
atualmente no exterior? Tecnologia e ca-
pacidade para isso não faltam, inclusive
porque o setor vem investindo em máqui-
nas e equipamentos de ponta, tendo con-
dições de competir no plano técnico com
qualquer gráfica. É essencial, porém, bus-
car soluções para ampliar a produtividade,
fator decisivo para melhorar a eficiência e
reduzir o custo da produção, com ganhos
de competitividade nos preços.
*Dieter Brandt é presidente da Heidelberg
América do Sul.
Os empresários
gráficos devem ser
mais ousados, na
proporção em que exige
a presente conjuntura.
Também seria pertinente, no plano políti-
co-institucional, que toda a cadeia produ-
tiva da comunicação impressa, por meio
de entidades da indústria gráfica, se arti-
culasse, somasse forças e propusesse ao
governo medidas efetivas capazes de de-
sonerar sua produção, com medidas como
a redução de impostos, diminuição dos
encargos sobre a folha de pagamentos,
menos burocracia no desembaraço de im-
portações/exportações e liberação de cré-
dito. Trata-se de uma cadeia produtiva de
alto valor agregado, empregadora de mão
de obra intensiva e que presta relevantes
serviços à economia e à sociedade, consi-
derando o significado da impressão para
o ensino, a cultura, a difusão do conheci-
mento e a produção de embalagens para