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CONJUNTURA
GRAPHPRINT NOV 12
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As exportações brasileiras de celulose e
papel terão redução este ano, devido aos
efeitos da crise internacional, mas a des-
peito da previsão de que a retração ainda
deverá persistir, a indústria instalada no
País está investindo em pesquisa e desen-
volvimento de novos produtos e aplicações
a partir da base florestal, e que permitirá
reduzir o impacto de crises futuras que
possam afetar o mercado de celulose.
Essa foi uma das conclusões apresentadas
por dirigentes das entidades representa-
tivas da indústria de celulose e papel na
coletiva de abertura do ABTCP 2012 – 45º
Congresso e Exposição Internacional de
Celulose e Papel, realizado em outubro
em São Paulo, promovido pela Associa-
ção Brasileira Técnica de Celulose e Papel
(ABTCP), em parceria com a Tecnicelpa
(Associação Portuguesa dos Técnicos das
Indústrias de Celulose e Papel) e a Riadicyp
(Associação Ibero-americana de Docência
e Investigação em Celulose e Papel).
Segundo Carlos Farinha e Silva, conselheiro
da ABTCP e VP da Pöyry (multinacional fin-
landesa de serviços de consultoria e enge-
nharia), as exportações brasileiras em 2012
se situarão pouco abaixo de 8 milhões de
toneladas de celulose e de 2 milhões de to-
neladas de papel exportados em 2011. Já
a produção de celulose deverá cair para o
patamar de 12 milhões de toneladas, e a de
papel, para 8 milhões de toneladas em 2012.
A presidente da Associação Brasileira
de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth
Carvalhaes, confirmou que houve perdas
importantes de receita e volume nas ven-
Indústria brasileira investe em novas
tecnologias e aplicações
Na abertura do ABTCP 2012, um dos maiores congressos
do mundo de celulose e papel, dirigentes do setor
destacam queda da produção e exportação, mas
apontam forte movimento da indústria rumo à
biotecnologia e à inovação
A produção florestal tem produtividade
extremamente alta, e os trabalhos para
elevar essa produtividade também conti-
nuam. Iniciativas para reduzir o desper-
dício, tanto na produção quanto na área
administrativa, e o investimento no de-
senvolvimento de pessoas bem formadas
e comprometidas com os processos são
outros pontos fundamentais que caracte-
rizam a evolução da indústria de celulo-
se e papel. “Temos desafios no presente,
mas a visão de futuro do setor passa pelo
desenvolvimento e diferenciação”, acres-
centou o presidente da ABTCP.
Segundo Maria Cristina Areas, coordena-
dora da Ryadicip, o foco da edição deste
ano do Congresso e Exposição Internacio-
nal de Celulose e Papel promovido pela
ABTCP – voltado às diferentes aplicações
técnicas e diferentes processos envolven-
do a indústria de base florestal – confe-
re ainda mais relevância ao evento. “O
Congresso da ABTCP já se tornou um dos
mais importantes do mundo no âmbito in-
dustrial, superior aos eventos realizados
na Europa e nos Estados Unidos, e este
ano, especialmente, a apresentação de
trabalhos científicos e tecnológicos volta-
dos aos novos usos dos produtos flores-
tais torna o congresso ainda mais interes-
sante”, observou ela.
Antônio Fernandes dos Santos Prates,
presidente do conselho diretivo da Tec-
nicelpa, também destacou o Congresso e
Exposição Internacional de Celulose e Pa-
pel promovido pela ABTCP como um dos
maiores do mundo, seja pela importância
do Brasil na produção de eucalipto, no qual
é o país mais competitivo, seja pelo caráter
técnico bastante avançado do evento. “Em
breve, poderá haver uma nova indústria de
celulose e papel, voltada a múltiplos usos
da matéria-prima, de forma sustentável, e
os estudos realizados e apresentados no
evento contribuem fortemente nessa dire-
ção”, acrescentou Prates.
das de celulose e papel, tanto no mercado
externo quanto interno, ao mesmo tempo
em que a indústria nacional tem enfrenta-
do a alta dos custos de produção – desta-
cadamente da folha de pagamento, causa
dos aumentos reais, que se contrapõem à
queda da produtividade, mas por ser este
um setor focado no longo prazo isso não
deve impactar nas projeções em prazos
maiores. “É foco para o Brasil, no curto e
médio prazo, sair da caixa de celulose e
papel, investir em inovação e biotecnolo-
gia e partir para os múltiplos usos da ma-
deira”, afirmou a presidente da Bracelpa.
Radares ligados
Os grandes produtores já estão claramen-
te acenando para abrir o leque de pro-
dutos florestais, com foco na geração de
energia, produção de madeira para apli-
cações, como pellets (que demandam um
tempo de plantio do eucalipto diferente).
“O investimento de US$ 22 bilhões a US$
24 bilhões previsto pelo setor não está
voltado exclusivamente ao fornecimento
da celulose, mas aos vários usos da ma-
deira”, ressaltou ela.
O presidente da ABTCP, Lairton Leonardi,
observou que o setor vem construindo sua
visão de futuro, a partir dos estudos sobre
biorrefinarias e suas múltiplas aplicações.
Algumas conquistas, a partir de pesqui-
sa e desenvolvimento, já foram obtidas,
como as embalagens mais leves e re-
sistentes e o desenvolvimento de papéis
tissue de maior qualidade e também de
maior resistência, entre outras inovações.