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A competitividade interna é bastante acirrada. “Em síntese, é uma indústria que
ascende rápida e racionalmente, mas que sofre as mesmas pressões internas pela
disputa de espaço e dumping de preços do ocidente. Há, porém, um forte aliado da in-
dústria gráfica na China, que citaríamos como uma das diferenças mais contundentes
entre a política chinesa e a brasileira: o governo”, observa Ferraz.
Em 2010, por meio do “Plano de Desenvolvimento para Impressão e Publicação” esti-
pulado em até cinco anos, o governo, junto ao empresariado gráfico, alcançou as se-
guintes metas: para cada milhão de cidadãos chineses, existem 186 títulos de livros;
um consumo anual de 5,5 livros e 2,7 periódicos per capita.
Para corroborar com essa medida, outras resoluções ainda mais arrojadas – como
a isenção tarifária na importação de máquinas e equipamentos gráficos para uso
interno e mesmo o abatimento das alíquotas de impostos nos trâmites de importação
e compra – fortalecem a unidade chinesa e trazem, a custos reduzidos, tecnologia de
ponta do mundo inteiro para estudos, análise e cópia dos projetos (engenharia rever-
sa, umas das especialidades chinesas).
Panorama brasileiro
A presidente Dilma Rousseff prometeu cercar a defesa comercial, impondo tarifas
contra produtos artificialmente mais baratos da China. Prometeu e, pelo jeito, até o
momento não cumpriu.
Recente reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo comprovou que as
chamadas tarifas antidumping impostas contra mercadorias chinesas não foram ca-
pazes de impedir o aumento das importações, que em alguns casos ultrapassa 200%
em 2012.
O caso dos brinquedos é emblemático. No fim do ano passado, o governo decidiu
incluir os artigos em uma lista de exceção da tarifa do Mercosul, para elevar de 20%
para 35% o Imposto de Importação. Como resultado, as compras brasileiras de brin-
quedos chineses, que em 2010 cresceram 28,9%, desaceleraram de forma insignifi-
cante e aumentaram 28,8% em 2011.
Ainda de acordo com a reportagem, a presença das mercadorias chinesas no mercado
brasileiro está entre os principais fatores responsáveis pelo processo de “desindus-
trialização” que a indústria capixaba está sofrendo.
Rogério Junqueira, diretor executivo da Printbill
Embalagens:
“Quando falamos em concorrência
com indústrias que recebem do
governo massivos subsídios ilegais
perante a Organização Mundial
do Comércio (OMC), assim como
na China, estes subsídios estão
distorcendo o comércio mundial e
dando vantagens desleais ao país
asiático, não só no Brasil, mas em
outros países.”
Fernando Ullmann, diretor da Ipsis:
“As gráficas brasileiras são obrigadas a pagar PIS e Confins sobre o
valor faturado e isto não ocorre na importação. Também temos casos
em que o preço dos livros na China é equivalente ao custo do papel
utilizado naquele serviço. Essa situação sugere algumas distorções,
como possível subsídio governamental, câmbio manipulado e trabalho
com remuneração indigna. Os chineses têm qualidade, sabem copiar
muito bem os produtos. Então, tivemos alguns casos de clientes que
optaram por fazer a reimpressão na China, pois nesse caso foi só
enviar o livro anteriormente impresso no Brasil.”