Page 61 - 117

Basic HTML Version

GRAPHPRINT DEZ 11
61
ARTIGO
Sustentabilidade se tornou uma necessi-
dade em todo o universo produtivo, e no
ramo gráfico não é diferente. A socieda-
de, alertada pelos meios de comunicação,
está mais exigente e vigilante, e sem dúvi-
das empresas que possuem uma postura
social e ambientalmente responsável têm
um diferencial competitivo pela preferên-
cia do consumidor.
Mas falar em sustentabilidade e ecologia
nos processos de produção gráficos pode
levar a um equívoco. Isso porque, quan-
do analisamos a situação, percebemos
que ela pode ser vista por dois prismas.
De fato, há algumas soluções no mercado
nas quais rapidamente se nota o benefício
palpável no que se refere à sustentabilida-
de. Citando um exemplo de algo que está
bem próximo de meu dia a dia de trabalho,
as chapas digitais que eliminam o uso de
químicos que, na Kodak, são representa-
das pelas linhas Thermal Direct e PF-N.
O descarte dos químicos e a liberação
de substâncias tóxicas ao operador e ao
meio ambiente se tornaram um problema
do ponto de vista da produção sustentá-
vel. A eliminação desses agentes, bem
como o menor consumo de água (normal-
mente, esse consumo gira em torno de 10
a 15 litros/minuto), já é, por si, um ponto
positivo para a sustentabilidade.
Mas a questão não se limita a isso. Quan-
do falamos em sustentabilidade, devemos
nos afastar e tentar olhar a cadeia como
um todo, nos livrando dos conceitos de
venda e focando na realidade da produ-
ção. Sei que para quem, como eu, vive
o dia a dia de uma fabricante para solu-
ções gráficas, essa tarefa pode ser um
pouco difícil, mas não podemos esquecer
que nosso foco sempre é a satisfação do
Sustentabilidade na indústria gráfica:
o benefício que você não vê
Por Antonio Márcio Mineo*
e Leandro Gomes Ferreira**
cliente (é ele quem decide, afinal, qual so-
lução usar) e devemos ter essa bandeira à
frente de todas as nossas ações.
Bem, voltando à questão da sustentabi-
lidade nos processos gráficos vista por
um ângulo mais amplo, soluções pontu-
ais (como o não uso de químico) são im-
portantes, mas não o suficiente para que
uma linha de produção seja sustentável.
A sustentabilidade nos processos gráficos
exige, antes de tudo, uma mudança na
filosofia de se produzir, de se conduzir o
negócio.
De nada adianta investir em soluções de
ponta, classificadas pelo modismo do
“verde”, se as ações mais imperceptíveis
para tornar uma empresa sustentável não
são tomadas. Por exemplo, o cuidado e o
destino adequado aos descartes (sobras
de produção, desde o papel até compo-
nentes como tintas, chapas usadas etc.),
o desperdício enorme de energia notado
em muitas gráficas, e, ainda, o equilíbrio
no consumo energético dos equipamen-
tos em operação. De que adianta eu ter
consumíveis ecológicos, se meu CtP, mi-
nha impressora e outros componentes,
consomem centenas e milhares de quilo-
watts mês? Ou, ainda, de que adianta eu
usar uma Kodak Thermal Direct ou PF-N,
e divulgar isso como marketing se eu
não oriento meus funcionários, enquanto
gráfico, a economizarem água e energia
em seu ambiente de trabalho e em suas
casas? Ou, por fim, se eu não dou o desti-
no adequado às sobras de papel ou tinta?
Claro, fornecedores e fabricantes têm um
papel fundamental no processo de parce-
ria e orientação dos clientes.
Por exemplo, você sabia que o processo
de impressão (que muitos veem como
consumo de papel simplesmente) pode
ser otimizado do ponto de vista da sus-
tentabilidade? Como? Eu explico, usando
*Especialista de solução da Kodak;
**Gerente de conta para soluções de pré-
impressão da Kodak
como exemplo a impressão digital. A im-
pressão digital, como é sabido, trabalha
com vantagens sem igual com a impres-
são sob demanda. E o que pode controlar
mais o desperdício do que imprimir o que
será efetivamente usado, fazer o acaba-
mento somente nos impressos que che-
garão a seus clientes? Ou, ainda, ter um
tempo de acerto de máquina que permite,
rapidamente, se obter uma qualidade ex-
celente de impressão após pouquíssimas
folhas impressas de teste? Isso, sem con-
tar que boa parte dos fabricantes usam
componentes não tóxicos em suas má-
quinas ou mesmo na linha de produção
das mesmas. Cito o exemplo que conhe-
ço, o da Kodak, cujas máquinas NexPress
são fabricadas de acordo com os padrões
ISO 14001 e ISO 9001, e que, ainda, usam
tintas DryInk não tóxicas e não emite
Compostos Orgânicos Voláteis (VOC).
Resumindo, pensar em sustentabilidade
exige uma análise ampla. Não somente
quanto ao meio ambiente, mas também
quanto à relação deste (meio ambiente)
com a questão social. Quantas coopera-
tivas de papel ou de reciclagem poderiam
se beneficiar de parcerias com gráficas?
Como vemos, o diferencial competitivo
obtido pela sustentabilidade não se limita
à adoção de soluções ecológicas. Ele pode
estar em passivos que você não vê facil-
mente em sua gráfica ou empresa; pode
estar em seu próprio patrimônio humano
(funcionários), na educação destes para a
preservação ambiental e não desperdício.
Ou seja, sustentabilidade encontra-se
nas ações de fato, e não meramente em
produtos.