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Balanço
GRAPHPRINT JUL 11
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Déficit aumenta
e preocupa setor
de máquinas e
equipamentos
Crescente a cada mês, o déficit comercial do setor de máquinas
e equipamentos registra  recorde histórico, atingindo US$ 5,5 bi-
lhões no primeiro quadrimestre do ano, segundo levantamento do
departamento de economia e estatística da Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
De acordo com Luiz Aubert Neto, presidente da entidade, está na
hora de nos questionarmos quanto ao futuro do Brasil, potência ou
colônia: “Se não forem tomadas medidas emergenciais por parte
dos nossos governantes, não tenho dúvida que desaparecemos
como segmento industrial do País. Está na hora de revertermos
esse processo de aumento de importações de produtos indus-
trializados e grandes exportadores de produtos primários, porque
assim não conseguiremos reverter a tendência de primarização e
desindustrialização da economia.”
De acordo com Aubert ainda basta uma rápida análise dos núme-
ros setoriais para concluirmos que a situação está insustentável.
“Enquanto as nossas exportações passaram de US$ 2,5 bilhões de
janeiro a abril de 2010 para US$ 3,4 bilhões de janeiro a abril de
2011, as importações passaram de US$ 6,7 bilhões para US$ 8,9
bilhões, um crescimento de 32,5%”, enumera.
O déficit em máquinas e equipamentos do primeiro quadrimes-
tre já chega a US$ 5,5 bilhões, aumentando o rombo da balança
comercial em 33,3% em relação ao período de janeiro a abril de
2010, quando o déficit era de US$ 4,1 bilhões. De acordo com
Aubert, a situação do segmento de máquinas e equipamentos é
extremamente preocupante, porque em paralelo ao aumento do
déficit do setor aparece forte queda na carteira de pedidos do se-
tor: no 1º quadrimestre recuou 18,2% quando comparado com o
mesmo período de 2010.
O faturamento no mês de abril de 2011 quando comparado com
o mês de março de 2011 registrou queda de 10,4% e no ano (jan-
-abr/2011) a taxa de crescimento recuou para 7,1% ao alcançar
R$ 24,5 bilhões. Aubert chama atenção para a alteração das par-
ticipações de exportação por mercado: “Os  Estados Unidos, que
em 2008 adquiriu 21% do total de máquinas e equipamentos bra-
sileiros exportados, consumiu, em 2011, 17%; a Europa aumentou
o seu volume de compra e ganhou 3 pontos percentuais, ao passar
de 15% para 18% das exportações brasileiras; a América Latina,
que já adquiria a maior parte (42% em 2008), ampliou o seu volu-
me para 47% das exportações.” 
Na análise das origens das importações de máquinas e equipa-
mentos brasileiros, verificamos que a China vem crescendo sua
participação e em 2011 ocupou o segundo lugar entre os princi-
pais mercados de origem das máquinas e equipamentos; em 2004
a China ocupava a 10º posição. “Essa é o que chamamos de im-
portação predatória, porque sabemos que não estamos importan-
do qualidade, mas preço. E é aí que temos preocupações, inclusive
com a segurança dos empregados brasileiros, que podem ficar
submetidos a trabalho em máquinas que não são produzidas sob
normas técnicas internacionais, representando um risco real para
o usuário”, fala o presidente da entidade. A Abimaq considera im-
portante ressaltar que não é contra a importação, principalmente
de produtos com alta tecnologia não produzidos no Brasil, mas
não é o que tem ocorrido, com as importações entrando no Brasil
e fazendo concorrência predatória aos fabricantes nacionais, ti-
rando inclusive o emprego do trabalhador brasileiro.