Kodak

Mais de uma década depois, o que será que a drupa 2024 vai imprimir?

29/04/2024 - 17:04

Por Fábio Sabbag - jornalista 

Há 12 anos, quando aconteceu a drupa 2012, a conversa era sobre digitalização dos processos. O que a gente não sabia ainda é que em 2024 o mundo da impressão chegaria à drupa com a inteligência artificial (IA) rompendo barreiras e quebrando paradigmas. 

Perceba que estamos dentro do mesmo contexto: o impresso e o mundo digital. Ainda bem que essa é uma equação muito bem resolvida pelas empresas do mercado gráfico. Mesmo assim, ainda paira no ar um pedaço de resistência que nos leva a questionar os benefícios da IA daqui para a frente.

Um questionamento positivo, convenhamos. 

Positivo porque a IA tem uma pegada de gerar informação. Sabendo usá-la tem como obter benefícios.

Lá na drupa 2012, lembro que a Europa estava cercada de incertezas quanto ao futuro de sua união e do euro. Pelo visto, deu tudo certo na parte econômica.

Bom para todos!

Doze anos depois, vemos um continente fervendo politicamente, com a extrema direita liderando algumas nações e outros países tentando conter o avanço dessas tropas. Faz parte do cenário internacional também o clima de guerra travado pela Rússia e a eterna disputa entre Israel e países árabes.

Vamos combinar que é uma atmosfera que precisa ser gerenciada com atenção.

Após essa pequena e despretensiosa comparação de tempo e situação, vamos retomar ao nosso tema principal que é justamente a impressão.

Tenho a nítida sensação que visualizaremos na edição de 2024 muitos fornecedores plugados na tecnologia digital no sentido de apresentar ferramentas que respondam com dados e que apontem caminhos.

Recordo que lá em 2012, uma grande editora adquiriu uma coladeira de lombada quadrada com capacidade para processar até 6 mil livros por hora. Era então o equipamento de acabamento mais moderno da categoria e o primeiro a operar nas Américas.

Hoje, doze anos, depois como foi a evolução desse número? Temos mais livros por hora ou menos livros por hora sendo finalizados. É uma boa questão para efeito de comparação de evolução do mercado.

Outra pergunta que já existia em 2012: como a tecnologia pode modificar o formato da produção?

Precisamos voltar um pouco mais no tempo, lá na drupa de 2008 - edição que ensaiou os primeiros passos rumo à sustentabilidade. Começava a preocupação com os secadores que consumiam energia assustadoramente. Começava a atenção para produzir tintas, químicos auxiliares e vernizes a partir de matérias-primas de fontes renováveis. Lembro que em 2012 escrevi um editorial dizendo que com 20 folhas o material tem de começar a ser impresso.

Chegamos nisso?

Recentemente, o Dr. Andreas Pleßke, presidente da drupa 2024 e CEO da Koenig & Bauer, viajou o mundo e chegou ao Brasil para compartilhar algumas visões sobre o mercado.

O que mais chamou a minha atenção foi a sua preocupação com o que fazer com a embalagem depois de aberta.

É uma preocupação real: recebemos um presente ou compramos um objeto.  Depois de abrir qual é a funcionalidade da embalagem? Por isso, Pleßke defende que toda a embalagem precisa ser vista de dois lados. Até porque as gráficas dominam a técnica de produção. Entram em cena conceitos de sustentabilidade, reciclagem e direcionamento para novos usos.

Vejo os fornecedores da indústria investindo em substratos mais amigáveis à reciclagem. Há um claro objetivo de oferecer sistemas de impressão que consomem menos energia, com setups surpreendentes. 

Enxergo também a tendência de oferecer workflows abertos, sem barreiras na comunicação. Não há mais espaço para vender softwares ou qualquer outra ferramenta que só conversam com equipamentos e insumos “da minha marca”.

Percebo que o líder da gráfica deseja acompanhar o seu parque de impressão de forma analógica e digital.

Sim, tem líder que não abre mão de entrar no chão de fábrica para entender como melhorar seu fluxo de trabalho. Por outro lado, também tem gestor que não abre mão de abrir o aplicativo X,Y ou Z para saber, em tempo real, como anda a sua gráfica. É uma questão de estilo.

Provavelmente vamos ver nessa drupa soluções em forma de dados. A inteligência artificial vai bater forte na tecla da informação para mostrar como os equipamentos consomem menos energia.            

Também há 12 anos pisei no solo sagrado dos pavilhões de Düsseldorf para enfim viver o desafio/sonho de cobrir uma drupa. Fazia frio, ventos uivavam pelos pavilhões e ajudaram a rachar meus lábios. Fui comprar a nossa famosa manteiga de cacau. Famosa, quem? A farmacêutica alemã disse esse tipo de produto não é comercializado e indicou um silicone que reveste as áreas afetadas. Comprei!

Retorno em 2024 para cobrir outra drupa, ansioso para saber se houve evolução na tecnologia do silicone.

Até porque, em doze anos, muitas páginas foram impressas.

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