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Consciência universal sobre sustentabilidade

08/09/2008 - 00:09
Por Alfried Karl Plöger*

A partir da revolução industrial, ao longo de todo o Século 19 e quase até o final do 20, a humanidade preocupou-se tão somente com a produção desenfreada, superestimando a capacidade do Planeta de assimilar a exploração ilimitada dos recursos naturais e o poder dos ecossistemas de se reciclarem ante a devastação. Somente algumas mentes mais lúcidas anteviam a armadilha em que se estava convertendo o modelo quase irresponsável de desenvolvimento. Uma delas era o filósofo, paleontólogo e teólogo francês Pierre Teilhard de Chardin. Em “O futuro do homem”, coletânea de textos escritos entre 1920 e 1952, ele já discutia a questão da sobrevivência.

E esse futuro previsto pelo pensador chegou. Felizmente, a consciência sobre a sustentabilidade não é mais o alerta isolado de alguns cientistas e pesquisadores. Trata-se de desafio assumido por parte expressiva dos empresários, trabalhadores e organismos multilaterais, dentre eles instituições que, há algumas décadas, ninguém imaginaria que estivessem hoje dedicadas à equação da sobrevivência.

Exemplo emblemático do comprometimento com os preceitos do desenvolvimento sustentável é o recente relatório do Banco Mundial relativo ao mercado internacional de carbono, estabelecido pelo Protocolo de Quioto. A comercialização de créditos cresceu mais de 100% em 2007, atingindo US$ 64 bilhões. Muito mais do que um bom negócio para empresas do mundo emergente ou em desenvolvimento que abdicam da emissão de gases do efeito estufa, convertendo sua quota em créditos de carbono, o número expressa um ganho para a humanidade.

O Banco Mundial, contudo, assim como a ONU, o Fundo Monetário Internacional e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), não está preocupado apenas com as mudanças climáticas. De modo muito correto, aliás, todos vêem a questão de maneira mais ampla e holística, focando, também, o uso racional dos recursos naturais, a recuperação e preservação de biomas e ecossistemas, a oferta de energia e de alimentos.

Tais reflexões estavam muito nítidas no recente alerta do presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, quanto à necessidade urgente de se reagir às ameaças da escassez de alimentos e energia. Numa releitura do que dizia Teilhard de Chardin, salientou ser “necessário construir as bases para maximizar a oportunidade e a esperança para todos no longo prazo”.

O universo corporativo, obviamente, não pode ficar alheio a esse movimento voltado à sobrevivência (com dignidade e um mínimo de qualidade de vida) da presente civilização. Todos têm de fazer a sua parte. É com essa meta que acaba de ser criado o Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental, cuja primeira edição será realizada em 2009. É uma reposta consistente da indústria gráfica brasileira ao desafio da sustentabilidade.

A indústria gráfica, como integrante da cadeia produtiva da comunicação, tem particular responsabilidade na difusão de uma consciência universal sobre a importância do voluntariado e das práticas corretas nos aspectos social e ambiental. Livros, jornais, revistas, cadernos, manuais de distintos produtos, embalagens e numerosos outros impressos interagem no dia-a-dia com todos os cidadãos. Que sejam, cada vez mais, portadores da mensagem da sustentabilidade e da sobrevivência digna da presente civilização.

* Alfried Karl Plöger é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional) e vice-presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

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