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Papéis Reciclados
GRAPHPRINT SET/09
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uma representatividade desse produto nesse
conceito, mas o acesso aos resíduos se tornou
uma prática tão vulgar e canibalizada que se
faz necessária uma reorganização do modelo
para que ele seja realmente sustentável e pos-
sa agregar real valor a todas as camadas so-
ciais envolvidas no processo. No modelo atual
só alguns poucos ganham, efetivamente.”
Já Geraldo Ferreira, diretor da Ásia Pulp &
Paper (APP) no Brasil, vai mais longe: “O seg-
mento precisa melhorar o processo de coleta
para reciclagem, além de necessitar de regu-
lamentação e incentivos por parte do governo,
assim como uma certificação pela ABTCP ou
outro órgão afim, por exemplo.”
Para o gerente operacional da Filiperson Pa-
péis Especiais, Daniel Grassioto, o conceito
motivador da reciclagem do papel é mais am-
plo do que simplesmente o reaproveitamento
do produto já usado e, com isso, a preservação
das florestas ou o aspecto social da atividade
econômica de coleta de papéis usados.
“Como hoje já é sabido pelos profissionais da
área gráfica e papeleira, mas ainda pouco di-
fundido aos demais consumidores, a atividade
de fabricação do papel não desmata. A ma-
deira utilizada na produção do papel é oriunda
de florestas para esse fim cultivadas. A ideia
de que a reciclagem do papel preserva as flo-
restas é falha e não espelha a realidade. Por
outro lado, há que se considerar o uso do papel
reciclado por parte de algumas empresas que
se preocupam realmente com o meio ambiente
e fazem questão de transmitir essa imagem ao
público. Isso fez com que fosse despertado o
interesse e deu a oportunidade de discussão
do tema”, argumenta Grassiotto.
A Filiperson produz a linha FiliEco, papéis pré-
consumo, ou seja, aparas de papéis geradas
em seu próprio processo de produção retornam
ao sistema e são novamente convertidas em
fibras para utilização na confecção da linha de
papéis reciclados. Paralelamente, a Filiperson
produz as linhas de papéis Filipaper Ecolight e
Filicopy Natural, papéis brancos naturais para
imprimir e escrever fabricados em processo
exclusivo que permite a adição de até 30%
de cargas minerais (entenda-se que, assim,
utilizam 30% menos fibras de celulose) e não
Marcus Vinícius Melo, gerente de vendas da Multiverde:
“Não há dúvida que há uma representatividade desse produto, mas o
acesso aos resíduos se tornou uma prática tão vulgar e canibalizada
que se faz necessária uma reorganização do modelo para que ele seja
realmente sustentável e possa agregar real valor a todas as camadas
sociais envolvidas no processo. No modelo atual só alguns poucos
ganham, efetivamente”
utilizam corantes ou alvejantes óticos, motivo
pelo qual tornam-se ainda mais corretos pelo
conceito de preservação ambiental.
“Essas linhas de produtos Filiperson estão
presentes não só no mercado SoHo, através de
nossos distribuidores e revendedores, como
também já são adotadas por grandes corpora-
ções nacionais e multinacionais que entendem
o verdadeiro conceito de compromisso am-
biental”, ressalta o gerente da Filiperson.
Grassioto reconhece que é cada dia maior a
compreensão por parte do consumidor da ne-
cessidade de se preservar e respeitar o meio
ambiente. Pesquisas mostram que o compro-
misso ambiental do fabricante do produto já
se tornou um dos fatores importantes no ato
da decisão de qual produto escolher. “O con-
sumidor tem demonstrado preferência por
produtos que tenham expresso esse compro-
misso. A evolução desse entendimento vem
possibilitando um crescimento significativo da
participação dos papéis ecológicos em lugar
dos ditos reciclados. A demanda por papéis
reciclados pós-consumo no mercado gráfico
teve, em nossa opinião, seu pico, e já demons-
tra clara tendência de retração. É o movimento
contrário ao verificado no segmento dos pa-
péis ecológicos, que vem crescendo vigorosa-
mente.” Para o gerente, questões como a difi-
culdade na obtenção de aparas pós-consumo
para reciclagem, o aspecto mais poluente do
reprocessamento dos papéis já utilizados e a
dificuldade de printabilidade dos papéis reci-
clados, além do custo mais elevado, são fato-
res que, sem dúvida, não contribuem para a
sustentação desse produto.
Geraldo Ferreira, diretor da Ásia Pulp & Paper (APP) no
Brasil: “O segmento precisa melhorar o processo de coleta
para reciclagem, além de necessitar de regulamentação
e incentivos por parte do governo, assim como uma
certificação pela ABTCP ou outro órgão afim, por exemplo”
Daniel Grassioto, gerente operacional da Filiperson Papéis Especiais:
“Como hoje já é sabido pelos profissionais da área gráfica e papeleira,
mas ainda pouco difundido aos demais consumidores, a atividade de
fabricação do papel não desmata. A madeira utilizada na produção do
papel é oriunda de florestas para esse fim cultivadas.
A ideia de que a reciclagem do papel preserva as florestas é falha e
não espelha a realidade”