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GRAPHPRINT JUL/09
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tiver que ser mandado embora, imagina saber que é o
último da lista.
Essa omissão de ambas as partes em curto espaço de
tempo começa a prejudicar os resultados dos negócios
da gráfica, seja na área comercial, industrial ou mesmo
atrapalhando o relacionamento interno entre as equipes,
que, de pronto, “sacam” o relacionamento incoerente e,
quando então o sócio majoritário ou principal gestor, re-
solve tomar as rédeas e cobrar por tudo que não vinha
cobrando, a retórica é recebida como uma desfeita ao
parente ou ao amigo.
O quesito confiança, razão inicial de agregar um familiar
ou bom amigo como sócio ou gestor de alguma unida-
de da gráfica, faz cair por terra toda precaução natural
do empresário que naturalmente vai abrindo a guarda,
na certeza de que seu familiar ou amigo de longa data
olha para o seu negócio (a gráfica) como ele próprio o
faria. Isso acontece na grande maioria dos casos e assim
o faz, mas não com a preocupação que ele tinha antes,
mas sim com a mesma do empresário no momento atual.
Resultado factível, os dois estão com a guarda baixa e é
exatamente quando começam a surgir as dificuldades e
os problemas em diversos setores, nem sempre ligados
a estes gestores em total prejuízo da empresa. As ven-
das vão mal, vende-se a qualquer custo, os produtos nem
sempre adequados à gráfica. As cobranças não são feitas
adequadamente e a área industrial é por assim a “culpa-
da” por todas as coisas que não dão certo.
A coisa então se complica ainda mais quando a informa-
ção das dificuldades ultrapassa as paredes da empresa
indo “colidir” junto ao resto da família ou dos outros só-
cios amigos que, por sua vez, passam então a julgar e a
tomar um partido. Esse é então o momento, em que surge
um novo vilão. A famosa “politicagem” da informação:
aquilo que um quer que o outro saiba (ou não) é dito com
palavras escolhidas, que acabam se tornando “passado-
res” de informações que um não tem coragem de dizer ao
outro diretamente. E aí então meus amigos botaram lenha
na fogueira e a política vilã rapidamente prolifera por to-
dos na empresa levando muitas vezes a conseqüências
irreversíveis. Quando o empresário resolve então dar um
basta, tem de se reportar a toda família, tentando justifi-
car sua atitude. Demitir um parente então é como mandar
um filho para fora de casa ou se separar da esposa.
A questão da remuneração também tem um tratamento
diferente; o familiar empregado sempre se acha no di-
reito de receber proventos melhores, pois conhece as
capacidades da empresa e, além disso, o dono da gráfica
conhece suas dificuldades e acaba sentindo-se constran-
gido, se sentindo moralmente também perante a família
que elevar seus vencimentos. A questão da confiança aí
adquire um valor muito maior do que deveria. Afinal, por
que devo pagar mais ao meu familiar, do que a outro pro-
fissional tão ou mais competente do que ele?
Por mais que se diga, no começo da sociedade ou ao con-
tratar um parente como gestor de alguma área da gráfica,
que a relação será estritamente profissional entre todos,
assim como entre amigos, isso, por diversos motivos,
nunca será possível. Os laços que ligam as partes trans-
cendem na grande maioria das vezes, os interesses do
negócio. O familiar é aquele que mais conhece nossos de-
feitos e não tardará o momento em que no meio de uma
discussão mais “quente”, uma das partes venha a se refe-
rir a um passado de um ou de outro. E aí vem o tiro mortal
da “cumplicidade profissional”, ou seja, quando um toca
na ferida do outro, trazendo à baila aquele assunto que só
um familiar ou grande amigo e companheiro sabe qual é.
É chegado o momento da tomada de decisão para o bem
maior, que é a sobrevivência da empresa. Neste momento,
um consultor experiente, age na forma de um mediador,
para solucionar o impasse, que nunca deve ser tomado
com o coração. Senão o tiro é fatal. Devemos pensar mui-
to bem antes de empregar um familiar. Há muitas outras
formas de ajudá-lo. Você acha que não é bem assim?
* Thomaz Caspary é consultor de empresas gráficas. Di-
retor da Printconsult. (11) 3167-6939
).
“Por mais que se diga, no
começo da sociedade ou
ao contratar um parente
como gestor de alguma
área da gráfica, que a
relação será estritamente
profissional entre todos,
assim como entre amigos,
isso, por diversos motivos,
nunca será possível”