Revista Graphprint - Edição 195

GRAPHPRINT Jan/Fev 2020 20 CENÁRIO DO SETOR DE EMBALAGENS Com o objetivo de discutir a indústria de embalagens no Brasil, a Abimaq - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas realizou no dia 18 de fevereiro, em São Paulo (SP), o evento “Tendências e desafios da indústria: Tecnologia, Processos e Embalagens”, que abordou inovação, alimentos, economia circular e rastreabilidade. O evento faz parte da programação da primeira edição da PPW - Packaging & Process Week - Feira Internacional de Tecnologia, Processos e Embalagens para as Indústrias de Alimentos, Bebidas, Cosmética, Farmacêutica e Química, que será de 15 a 18 de setem- bro no São Paulo Expo. O evento contou com três painéis que trataram de inovação, eco- nomia circular e rastreabilidade. No primeiro painel, o diretor de assuntos institucionais do Institu- to de Tecnologia de Alimentos (Ital), Luis Madi traçou um cenário do setor, destacando a importância de se debater embalagens den- tro da indústria de produtos alimentares. “O Brasil tem grande po- tencial para o desenvolvimento de alimentos e bebidas processados, o que está diretamente ligado ao setor de embalagens”. De acordo com o estudo realizado pela Datamark (Market Intelli- gence Brazil) e apresentado por Madi, o Brasil ocupa a quarta po- sição entre os países que mais consomem embalagens. Em 2018 o país consumiu 37 bilhões de dólares em produtos dessa categoria, atrás do Japão com U$$ 68 bi, EUA com U$$ 164 bi e China com um total de U$$ 219 bi. Em 2019 foram utilizadas 2,2 milhões de toneladas de embalagens plásticas no Brasil entre os mercados alimentícios, bebidas e não alimentício (elétrico e automotivo, higiene e beleza, lazer e pessoal, limpeza, química e agricultura), seguido por vidro com 1,5 milhão de toneladas, 1,2 milhão de toneladas de metais, 1,03 milhão de toneladas de papel e embalagens flexíveis com 776 mil toneladas. Na América Latina, o Brasil lidera o consumo de embalagens plás- ticas (Datamark, 2014) com 3.9 milhões de toneladas, seguido por México com 3 milhões, e Argentina e Chile empatados com 500 mil toneladas cada. Em 2020, a expectativa é que sejam consumidos globalmente U$$ 1 trilhão em embalagens, 23% a mais que em 2015, quando o consumo foi de U$$ 770 bilhões. As embalagens de papel perma- necem sendo as protagonistas com 31% do consumo, seguida das embalagens de plástico 23% e das flexíveis 22%. Sobre o tema inovação, a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Seara, Renata Nascimento destacou que o mundo vive um novo momento no qual é preciso enxergar as possibilidades de mudan- ças. “É importante prever os novos comportamentos e tendências que farão a diferença no desenvolvimento de produtos e no lança- mento de novas campanhas e ideias”. Segundo o Índice Global de Inovação de 2019, entre 129 países, o Brasil é o 66º mais inovador; da América Latina ocupa o 5º lu- gar, atrás de Chile (51º), Costa Rica (55º) e México (56º). “Não somos um país inovador: somos seguidores de inovação. Para mu- dar esse quadro e, de fato, inovar, é preciso enxergar possibilidades de mudanças no mercado em que se atua”, ressaltou Renata. As tendências para as quais as indústrias de alimentos devem olhar para inovar é pensar em proteínas alternativas para alimentar 9,8 bilhões de pessoas em 2050; a cozinha do futuro, que será com as- sistência digitalizada e robôs; produtos customizados para atender demandas de saúde de públicos específicos, como crianças, idosos, atletas, entre outros; e transparência e rastreabilidade. “A inovação está alinhada com tecnologia e quem as desenvolve precisa ‘viver’ no futuro. Só assim é possível se preparar para entregar o que o mercado precisa”. Para mostrar como o conceito de Economia Circular está cada vez mais presente na indústria de embalagens, a especialista em susten- tabilidade da Tetra Pak, Vivian Guerreiro apresentou no segundo painel resultados da pesquisa global da companhia Environment Research realizada anualmente sobre tendências. Segundo a son- dagem, os brasileiros acreditam que o governo e as indústrias de embalagens, alimentos e bebidas devem tomar a liderança para a solução de questões ambientais. De acordo com a pesquisa, as ações ambientais que os brasileiros afirmam estar fazendo são redução de desperdícios de alimentos e bebidas, coleta seletiva, reciclagem e compra de produtos de emba- lagens sustentáveis. Em 2019 foram recicladas 81 mil toneladas de embalagens longa vi- da no Brasil. Para que esse número cresça, Vivian afirma que fatores pós-consumo são fundamentais. “Aumentar a conscientização dos consumidores e de sua responsabilidade compartilhada, melhorar a infraestrutura de coleta seletiva e triagem, impulsionar oportunida- des de negócio na reciclagem e ampliar mercado para produtos reci- clados são aspectos chaves para o aumento da reciclagem”. Segundo a pesquisa feita pela Tetra Pak, para a maioria dos con- sumidores brasileiros, os produtos sustentáveis são sinônimos de biodegradáveis, recicláveis e renováveis. Noventa e três por cento estariam dispostos a considerar uma marca que utiliza embalagens mais sustentáveis e 44% a pagar mais por um produto em embala- gem mais sustentável. “Nossa visão de economia circular de baixo carbono se baseia em três pilares: matérias-primas de fontes renováveis e responsáveis, in- centivo à coleta seletiva e reciclagem das embalagens e estímulo ao desenvolvimento de equipamentos e soluções eficientes que redu- zem o impacto ambiental da produção de alimentos e bebidas, uma vez que as embalagens que produzimos são preenchidas dentro dos clientes, ou seja, algumas perdas ocorrem no processo produtivo”, explica Vivian Guerreiro.

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