Revista Graphprint - Edição 186

GRAPHPRINT Jul/Ago 2018 31 Gestão Para impulsionar o desempenho e a inovação Apesar dos benefícios da adoção das práticas para a gestão de riscos corporativos, pesquisa revela uma quantidade ainda pequena de empresas que possuem um processo formalmente implementado Uma investigação em empresas de grande porte do Brasil para avaliar a influência da Enterprise Risk Management (ERM) - gestão de riscos corporativos no desempenho em inovação - revelou que a área caminha a “passos lentos”. A pesquisa foi realizada pela professora Silvye Ane Massaini - coordenadora dos cursos de pós-graduação da Faculdade de Administração da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) - para seu projeto de doutorado da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Das 97 grandes empresas pesquisadas no início de 2017, apenas 38,14% demonstraram possuir um processo de gestão de risco formalmente implementado. De forma geral, o levantamento apontou que a existência dessas práticas influenciam positivamente os resultados em termos de inovação de produto, processo, marketing e organizacional das empresas pesquisadas. Além disso, dentre as razões mais citadas para estabelecimento das práticas de gestão de riscos, destacam-se o aumento da rentabilidade e/ou valor da empresa (12,47%), a dimi- nuição das perdas e desperdício de recursos (11,02%), a proteção contra problemas em relação à imagem e reputação da empresa (9,56%), o aumento da eficácia dos processos operacionais (9,56%) e o cumprimento das exigências regulatórias e legais (8,32%). “O número ainda modesto de empresas que possuem uma gestão formalizada de riscos corporativos se deve, entre outros motivos, à falta de informações sobre como gerenciar o processo”, afirma a professora Silvye, lem- brando que a literatura sobre o tema retrata de forma descritiva como os processos devem parecer e funcionar, mas há poucos estudos que ensinam como lidar com as questões po- líticas, culturais, logísticas e estratégicas, que envolvem a implementação de tais práticas. Além disso, “poucos gestores consideraram sua abordagem à gestão de risco empresarial (ERM) proativa, sob a forma de um proces- so integrado que envolve todos os níveis da organização”. O baixo apetite a risco é um ponto relevante “Além disso, assim como apontado por ou- tras pesquisas, a maioria dos executivos ainda sente dificuldades na construção de práticas e de uma cultura voltada para a gestão de riscos corporativos”, complementa a doutora, lem- brando que essa informação é relevante, con- siderando a existência de diversos fatores que podem impactar o processo de inovação, co- mo o conservadorismo e a falta de alinhamen- to com os objetivos estratégicos da empresa. O baixo apetite a risco é outro ponto rele- vante no avanço desse processo. “As empre- sas pesquisadas demonstraram possuir um baixo nível de capacidade de risco, ou seja, não estão dispostas a suportar riscos com alta probabilidade e impacto, que possam com- prometer seus resultados, como também não estão dispostas a correr mais riscos em busca de um retorno superior”, aponta. Os resultados deste estudo, na conclusão da professora Silvye, possuem implicações im- portantes para a gestão das empresas, tendo em vista a crescente complexidade do ambien- te empresarial e a importância da gestão de riscos para a sobrevivência das organizações.

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