Revista Graphprint - Edição 166 - page 7

GRAPHPRINT JUNHO 16
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Entrevista
GRAPHPRINT: A Rotatek Brasil foi criada em 1985 com
foco na produção de equipamentos nacionais que possi-
bilitamsoluçõespersonalizadas.Quais foramasgrandes
dificuldades enfrentadas pela empresa nessa trajetória?
Lorenzo:
A Rotatek Brasil foi criada por iniciativa de Erich
Herbolzheimer, fundador da Rotatek na Espanha. Nessemo-
mento vivíamos o boom do formulário contínuo no Brasil e,
também, nomundo todo, coincidindo comapopularizaçãoda
informática, barateamento e diminuição dos computadores.
Contudo, os equipamentos tinham poucamemória e, normal-
mente não estavam em rede, exceto em grandes organiza-
ções que possuíam os chamados “mainframe computer”, ou
“Big Iron”, equipamentos que ocupavam muito espaço em
relação à informação que guardavam.
Apoucamemóriadoscomputadoresdaépocageravaumcon-
sumoenormedepapel, formulário contínuo, oque seriahojeo
papel cortado, porémcomoobjetivoumpoucodiferente.
Voltando à pergunta, as dificuldades eram várias: importação
difícil eburocráticaedemoravamuitoparaobter umaguiade
importação, dificuldade no financiamento externo, pois havia
uma resoluçãodoBacenqueobrigava contrair financiamento
externo mesmo que a empresa tivesse recursos para pagar
à vista, para evitar saída de divisas. Com tudo isso havia um
aspecto muito importante: eram poucos fabricantes de for-
mulário em ummercado em franco crescimento. Foi assim
que demos início à produção local para viabilizar negócios.
GRAPHPRINT: Ser uma empresa genuinamente brasileira
resulta em ponto positivo?
Lorenzo:
Opontopositivo foi aousadiade fabricar localmen-
te impressoras rotativas.
GRAPHPRINT: Como Rotatek está posicionada no desen-
volvimento de impressoras?Há parcerias?
Lorenzo:
No Brasil não se consegue fabricar equipamentos
gráficos de grande porte sem ter um pé na Europa ou nos
Estados Unidos. Temos várias parcerias que nos possibilitam
manter os produtos atualizados.
GRAPHPRINT: Como você enxerga o atual momento do
setor gráficoecomoaRotatekestádesenhadaparaatu-
ar, por exemplo, daqui a cinco anos?
Lorenzo:
O setor gráficoestá seadaptandoaos novosmode-
los de negócios que a realidade atual lhe impõe.
Imagina um empresário gráfico tradicional, desde sempre
acostumado a comprar os insumos e os consumíveis nos di-
versos fornecedores que estão nomercado, com a sensação
de poder comprar onde lhe parecemelhor. Aí vem o choque:
migrar para um novo desenho de negócio que não domina a
tecnologia e, ainda por cima, tem que comprar todos os con-
sumíveis de um único fornecedor, que domina o seu negócio
mais que ele próprio. O choque é grande e contrasta forte-
mente com o que ele sempre fez. Alguns entendem, se adap-
tam e até tiramproveito.
GRAPHPRINT: Nesta sua longa trajetória dentro do setor
gráfico, quais foram os períodos quemais exigiram co-
nhecimento técnico?
Lorenzo:
Conhecimento sempre foi exigido, pois é omínimo
que o cliente espera do fornecedor. Fornecer equipamentos
de impressão, de grande porte, demanda conhecer a aplica-
ção e os produtos que o equipamento produzirá.
Nomercado gráfico brasileiro o cliente espera do fornecedor
desdea viabilizaçãodofinanciamentoatéorientaçãodofluxo
de trabalhomais adequado.
GRAPHPRINT: Você enxerga amiríade demídias existen-
teatualmentede forma favorável, levandoemconsidera-
ção a demanda por impressos?
Lorenzo:
A analogia é interessante, contudo, no setor gráfico
osnúmeros superlativosescondemperigosdissimuladosque
podem proporcionar perdas. É preciso estar preparado para
fazer frente a grandes demandas. Estrategicamente é acon-
selhável a capilaridade.
GRAPHPRINT: Você defende que sempre existirão novos
caminhosealternativas.Osempresáriosdevemdetectar
tendências, buscar o novo, e o que sejamelhor para seu
cliente. Poderia exemplificar essas tendências e cami-
nhos? Você acredita que há nichos ainda inexplorados
na indústria gráfica?
Lorenzo:
Quando falamos em novos caminhos é no sentido
figurado. O novo sempre existirá, mesmo que seja mais do
mesmo, podemosmudar forma ou conteúdo para trazer âni-
mo ao negócio com realidade. Às vezes mudar a apresenta-
“NoBrasil não se consegue fabricar
equipamentos gráficos de grande porte sem
ter um pé na Europa ou nos Estados Unidos.
Temos várias parcerias que nos possibilitam
manter os produtos atualizados.”
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