Revista Graphprint - Edição 146 - page 26

ARTIGO
GRAPHPRINT AGO 14
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Lei federal determina que, até 2020, todas as escolas do Brasil tenham bibliotecas com,
nomínimo, um livro por alunomatriculado. É lamentável verificar que ameta está longe
deser alcançada,comodemonstraoCensoEscolar 2013,ao indicarquecontamcomesse
equipamentoapenas12,4%dosestabelecimentosdoEnsinoFundamental edoMédiodas
redesmunicipal e estadual domunicípio de São Paulo. E estamos falando do Estado e da
cidade com osmaiores orçamentos nacionais.
Aausênciadebibliotecasemescolaspúblicascomprometeasmetas relativasà formação
de novas gerações de leitores e a própria qualidade do ensino, considerando a importân-
cia dos livros e do ato de ler para os resultados do aprendizado. OBrasil precisa avançar
muito nesse sentido, como demonstram as notas do exame internacional PISA, realizado
pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em abril
último, foramdivulgados os resultados da primeira avaliação da capacidade de resolução
de problemas dematemática aplicados à vida real.
Participaram85mil estudantes, de44países. OBrasil ficouem38° lugar, atrásapenasda
Malásia,EmiradosÁrabesUnidos,Montenegro,Uruguai,BulgáriaeColômbia.Nosprimeiro
lugares encontram-se Singapura, seguida da Coreia do Sul, Japão e China. Aproxima-
damente 40% dos estudantes brasileiros que participaram da avaliação alcançaram os
níveis 1 e 2 de conhecimento, que são osmais baixos. Somente 1,8% de nossos alunos
conseguiu situar-se nos patamares mais altos (5 e 6), com capacidade de resolução de
problemas matemáticos mais complexos. Dentre os estrangeiros, 11% conseguiram re-
solver as questões complexas.
O PISA é realizado a cada três anos. Participam adolescentes com idade de 15 anos, ou
seja, são os alunos que estão passando do Ensino Fundamental para oMédio. O exame é
reconhecido internacionalmente comoumdos parâmetros de avaliaçãodos conhecimen-
tos dematemática, leitura e ciências. Naprova anterior, divulgada emdezembrode2013,
na soma dessas três disciplinas, oBrasil ficouna 58º posição, dentre 65países.
No exame divulgado em abril, relativo à compreensão da matemática na vida real, uma
das dificuldades de nossos estudantes foi a compreensão dos enunciados. Isso ratificou
posições anteriores dos brasileiros noPISA. Emedições anteriores, inclusivequandoava-
liada a performance em leitura, também ficamos nos últimos lugares. A psicolinguista
argentina Emilia Ferreiro, uma das maiores autoridades mundiais em alfabetização, que
influenciou bastante os Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil, observa: “Para en-
sinar a ler e escrever é necessário utilizar diferentesmateriais. Um livro só não basta. É
preciso utilizar livro, revista, jornal, calendário, agenda, caderno, um conjunto de superfí-
cies sobre as quais se escreve”.
Assim, não é sem razão que a indústria gráfica, pormeio doSindigraf-SP e daAbigraf-SP,
entidades que a representam no Estado de São Paulo, mantém o Projeto de Revitaliza-
ção de Bibliotecas. Já foram entregues 16 desses equipamentos, com um acervo básico
de livros, emmunicípios do interior paulista onde os alunos das escolas públicas não
dispunham desse recurso. Acreditamos que a sociedade civil, embora a educação seja
obrigaçãoconstitucional doEstado,devacontribuir paraqueosestudantesdebaixa renda
tenhammais acesso aos livros.
Faltadebibliotecas e as
verbas da educação
Por FabioArrudaMortara*
*PresidentedoSindicatodas Indústrias
GráficasnoEstadodeSãoPaulo
(Sindigraf-SP).
Aquestãodoensinoéumadaspriorida-
des da indústria gráfica, e não apenas
pelo seu justo interesse capitalista de
que se imprimam mais livros no País.
O significado da leitura e da educação
transcende a essa questão econômica.
Estamos falando de justiça social, de-
mocratização de oportunidades, acesso
ao conhecimento e desenvolvimento
socioeconômico.
Por isso, as entidades de classe que
representam o setor –Abigraf Nacional,
Abigraf-SP e Sindigraf-SP – aplaudiram
aaprovação, naCâmaradosDeputados,
doPlanoNacional daEducação (PNE). O
item do projeto que prevê investimento
gradativode10%doPIBna redepública
nospróximosdez anos foi pioneiramen-
te sugerido no Congresso Brasileiro da
Indústria Gráfica, em outubro de 2011,
em Foz do Iguaçu, Paraná. Anecessida-
de demais dinheiro para o ensino é es-
cancarada quando se constata que, na
segunda década doSéculo 21, 88% das
escolas públicas da cidademais rica do
Brasil não têmbiblioteca.
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