Revista Graphprint - Edição 145 - page 8

ENTREVISTA
GRAPHPRINT JUL 14
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desenvolvimento, mas não é
o nosso forte ainda. Aqui en-
tra novamente nossa relação
com a multinacional. Lidamos
com competidores fortes, pro-
duzíamos tintas rotativas para
heatset e coldset,mas como o
mercado foi sendo dominado
pelas multinacionais, resolve-
mos sair desse segmentoonde
o volume é muito grande. Há
aindaexigênciascomoequipa-
mentos de bombeamento, tan-
cagem e não temos condições
de competir. Ficamos no shee-
tfed, na plana, que é ummer-
cado interessante commuitas
oportunidades e nichos.
GRAPHPRINT: Consequente-
mente, esta decisão acabou
virando um diferencial da
empresa?
Pluecker:
O fato é que con-
seguimos fornecer tintas rapidamente. A Cromos é muito
conhecida em toda a América do Sul, tem sempre as portas
abertas junto ao gráfico. É claro também que nem tudo são
flores; a Cromos passa por ummomento de dificuldade, ca-
pital que sobe e desce. Hámomentos em que ficamos mais
apertados e depois vem a recuperação, toda empresa passa
por isso.
Temos70anos. Nosanos90,quandocomeçouaaberturade
mercado,parti embuscadeoutros fornecedoresdepigmen-
tos na China. A ideia era abrir novos caminhos e, em Hong
Kong, achei um americano que detinha representações de
várias empresas chinesas.
Lembro bem que disse para eume preparar para conhecer
cobras e lagartos. Literalmente, comi cobras e lagartos. Se-
gui em frente, fiz vários contatos, muitos funcionaram, ou-
tros não. Passamos então a importar, sendo a primeira em-
presa de tintas gráficas a importar pigmentos daChina, que
erammuitomais baratos.
Foi um trabalho árduo desenvolver junto com os novos for-
necedores pigmentos de acordo com as nossas necessida-
des.Muitacoisa vinha semqualidade.Mesmoassimassumi
o desafio de desenvolver e deu certo. Fui convidado a co-
nhecer outras empresas também, como, por exemplo, uma
fábrica na Escócia, que mais
pareciauma fábricade choco-
late, tamanha era sua beleza,
limpeza e funcionalidade. Fui
muito bem recebido, mas os
preços eram bem mais altos
daquilo que havia encontrado
na China. Fui sincero e disse
que não daria certo. Omerca-
do paga qualidade até certo
ponto.
O resultado é que quem tem
fábrica de pigmento, no míni-
mo, compra de um intermedi-
ário daChina também.
O retornodoesforço,embusca
denovos fornecedores, foi que
durante vários anos tivemos
diferencial de fornecimento,
commenos custos. Volto a di-
zer que foi um trabalho difícil,
tive de mudar meu processo
produtivo, falar com os meus
fornecedores de equipamen-
tos, estabelecer acordos com fábricas de tintas europeias
para lidarmos com vários problemas.
Agrande vantageméquepude construir sem tantapressão;
antigamente as coisas caminhavammais devagar. Eu era o
filho do dono e não tinha cobranças, as etapas não tinham
tantoprazoparaacabar.Moldamos assim todaaequipe téc-
nica. Trouxe um guarda-pó da Alemanha, onde estudei, e o
pessoal aqui brincava sempre que era umhomemde saia...
GRAPHPRINT: Tempos que não voltammais, concorda?
Pluecker:
Agoraé impossível reinventar a roda. Por isso, te-
mosapolíticadebuscar parcerias,prestar serviçoscadavez
mais aprimorados. Dentro domundo gráfico, que está deva-
gar,devidoàsmídiassociais também,osetor deembalagem
comprodutos reais, físicos, é umbomnegócio.
Como saímos da rotativa no início dos anos 2000, focamos
em embalagens, que hoje é o nosso forte, com 80% da pro-
dução. Temos tintas para todos os substratos. Não temos
mais condições de montar uma equipe para reinventar o
mercado, não compensa fazer tudo de novo. Por isso, exis-
tem as parcerias. A Cromos é uma parceiramuito boa, com
cobertura nacional. Temos novidades, estamos ampliando
parcerias em outros segmentos; isso é uma atitude que não
“Em2013 o crescimento foi baixo, algo
próximo de 4% em volume de produção,
nadamuito expressivo. Em2014 o otimismo
vem com cautela. Olhamos para o setor
de embalagens com possibilidade de
crescimento.”
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