Revista Graphprint - Edição 145 - page 7

GRAPHPRINT JUL 14
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ENTREVISTA
GRAPHPRINT: Completar sete
décadas é um marco consi-
derável no Brasil, sem dúvi-
da. Conte-nos um poucomais
sobre a trajetóriadaCromos?
Pluecker:
A empresa foi fun-
dada pelo meu pai, que veio ao
Brasil como um imigrante ale-
mão e acabou entrando no se-
tor gráfico, ou melhor, de tintas
para impressão. Evidentemente
eram épocas diferentes, cres-
cemos rapidamente. Entrei em
1966, estou há 48 anos na Cro-
mos e fui o primeiro químico da
empresa.
Posso dizer que a empresa
está sempre crescendo. Viveu
e vive períodos de crise como
todomundo.Muitas coisas boas
aconteceram em 70 anos, outras nem tanto. Crescemos bas-
tante na década de 70, numa época onde o slogan era “nin-
guém segura esse país”.
Em 1972 abrimos uma filial grande aqui em São Paulo, ou
melhor, uma fábrica com 15 mil metros quadrados em San-
toAmaro. Eram sonhosmegalomaníacos, típicos da época, e
queríamos ainda abrir fábricas em diversas regiões. Porém,
fábrica de tintas não comporta essa coisa toda. Com o tempo
descobrimos que não era viável e tocamos a empresa.
Hoje,a indústriagráficaestámeiodevagar.Ooffset nãoevolui
muito, não vaimorrer,mas tambémnão vai crescer. Em1972,
abrimosum fábricanoRiodeJaneiroqueatéhoje temosmui-
toorgulho. Planejei a fábricaqueproduz tintasparaoffset, ro-
tografuva eflexografia. Caso fôssemosmontar a fábrica hoje,
não faríamos nada diferente.
Não quero parecer presunçoso, não gosto de pessoas assim,
mas no começo da década de 70 criei tintas base água para
flexografia. As que existiam eram à base de querosene e o
cheiro era insuportável.
O complicado dessa etapa foi alterar todo o contexto, esti-
mular a reciclagem dos resíduos, entre outros pontos. Fomos
precursores em fazer um produto mais amigável. A água,
na época, era um recurso totalmente disponível, as pessoas
gastavam à vontade. Nas fábricas, pegavam a mangueira e
começavam a lavar as máquinas. Então eram jogados cen-
tenas de litros poluídos para lugares indevidos da natureza.
Esse desperdícionão existemais; hoje os recursos sãomuito
bem geridos pelas empresas.
As empresas são bem estru-
turadas e há vários órgãos de
fiscalização.
Já no caso de tintas para ro-
togravura, desenvolvemospro-
dutos para os principais for-
necedores de cigarros. Com o
tempo, os fabricantesde cigar-
ros começarama sepreocupar
em acompanhar a evolução
tecnológica. Por isso, começa-
ram a exigir que suas embala-
gens fossem o mais ecológica
possível. O cigarro mata, mas
a embalagem não podematar.
É uma hipocrisia,mas é assim
que funciona.
Investimos então em estudos
e desenvolvimentos e hoje
somos certificados e durante muito tempo atuamos como
fornecedores exclusivos. Esse exemplo é uma desvantagem
da empresa nacional; há acordos feitos lá fora e acabamos
ficando como segundo fornecedor.
GRAPHPRINT: Fica evidente então o esforço para com-
petir com grandes multinacionais. Quais os principais
desafios?
Pluecker:
A história é que as grandesmultinacionais chega-
ramaqui nosanos2000, naépocaaSunChemical comproua
Supercor. Também teveo lance comaCromos, ondenegocia-
mos e quase fechamos com a Sicpa, que acabou adquirindo
a Cromos da Argentina. Logo depois, a Siegwerk comprou a
Sicpa e aCromos daArgentina.
Neste ponto ficamos dois anos fora e voltamos com a Cro-
mos Latina (Argentina), que não é uma filial, mas sim outra
empresa com os mesmos donos. Basicamente, importam da
Cromose vendemoprodutonaAméricadoSul. Têmboa fatia
demercado.
No casoda tintaoffset, que sempre foi vegetal emineralmis-
turadas, um dia cheguei na Cromos e olhei uma que tinha
100%mineral, fato oposto do que se faz hoje, onde uma tinta
tem 70% de conteúdo vegetal renovável, como é o caso da
Innov. Na Europa todomundo jámudou para isso e até o ar-
gumento de vendas é a sua excelente printabilidade, perfeito
ajuste demáquina comum custo não tão superior.
No caso das tintas para LED UV, estamos em processo de
“ACromos é uma parceiramuito boa,
com cobertura nacional.Temos novidades,
estamos ampliando parcerias em outros
segmentos; isso é uma atitude que não sai da
minha cabeça. Como somos independentes,
nada impede de buscar novos parceiros.”
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