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GRAPHPRINT JAN/FEV 14
EDITORIAL
A volta dos que não foram
Extra! Extra! Empresas jornalísticas dos EUA, que deixaram de ter edição diária em
papel, apostando com força nas plataformas digitais como o futuro do setor, recuaram.
O Times-Picayune, de Nova Orleans, do Grupo Advance Publications voltou recente-
mente a ser diário. Mas, no período de um ano em que deixou de circular diariamente,
ganhou um concorrente: o Grupo The Advocate lançou uma edição em Nova Orleans,
aproveitando o vácuo deixado e o persistente interesse de anunciantes e leitores pela
mídia impressa.
Concomitantemente, o Philadelphia Inquirer, da Filadélfia, anunciou o retorno às ban-
cas de sua edição de sábado. Nos últimos dois anos, o jornal havia reduzida a tiragem
e passou a ser vendido apenas para assinantes. Outra notícia boa é que a revista
Newsweek, após um ano de incursões no meio digital, anunciou a volta da edição
impressa. Será um produto premium, mais caro e com menos ilustrações.
Para corroborar ainda mais o título deste editorial, pego carona na matéria produzida
pela jornalista Gilmara Santos publicada na revista Comunicação Corporativa (um pro-
duto do veículo Valor Econômico), na edição de novembro/dezembro. Há pontos que
chamam atenção. E são alvissareiros ao setor gráfico.
Recentemente, a Vale, que chegou a ficar cinco de anos sem editar o veículo de comu-
nicação interna no formato papel, voltou com o impresso após perceber o desejo de
seus colaboradores. A ideia de tornar tudo digital e manter os murais esbarrou no fato
de que nem todos têm acesso aos meios digitais. “A intenção era chegar a todo mundo
pelo digital, mas percebemos que a realidade não é bem essa”, disse Sérgio Giacomo,
diretor de comunicação corporativa da Vale. Hoje, a companhia tem o Vale@Informar
(jornal diário on-line) e o V+, um jornal impresso quinzenalmente, com tiragem de 78
mil exemplares.
Outro exemplo citado por Gilmara é a Petrobras, que em 2013 voltou a ter a revista
impressa. Criada em 1954, a publicação fora suspensa entre 2009 e 2012. Sua volta
foi apoiada pelo desejo dos empregados. A Volkswagen, empresa que chegou a ter 25
instrumentos de comunicação interna, foca atualmente em quatro grandes platafor-
mas: jornal impresso, quadro de avisos, newsletter e portal. O jornal tem tiragem de 25
mil exemplares, oito páginas e circulação semanal. Já a Air Liquide, a revista interna
que circula desde 1993, tem periodicidade trimestral, pois a empresa acredita que o
impresso atinge também os familiares e amigos.
Permita-me, no entanto, traçar um paralelo com a indústria de produtos eletrônicos.
A famigerada convergência, tão discutida por nós, mostra sua onipresença em outros
campos também. Durante a 47ª feira internacional de produtos eletrônicos de Las Ve-
gas, realizada em janeiro de 2013, foi possível notar que, na seara TV, o trunfo moderno
é a conectividade.
Os grandes players detectaram que se o indivíduo
passa muito tempo assistindo a vídeos em strea-
ming no tablet ou no smartphone, pagar por um
aparelho parece ter menos sentido ainda. A saída
foi inventar a Smart TV, que pode se conectar à
internet e rodar aplicativos. Em novembro do ano
passado, 22% dos aparelhos vendidos nos EUA fo-
ram TVs com conexão à internet, em comparação
com os 11% registrados no ano anterior.
Há uma evidente sintonia com o atual cenário da
indústria gráfica. Não por acaso, todos buscam no-
vas maneiras de apresentar produtos e consolidar
negócios. Ao menos os indicadores mostram que
não é somente um ou dois segmentos que sentem
o avanço voraz da tecnologia.
Enfim, àqueles que foram e não curtiram, os ca-
nais estão abertos. Afinal, bom filho a casa torna.
Um excelente ano, com as melhores impressões
possíveis.
Saudações Graphprintenses!
Fábio Sabbag