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Panorama
GRAPHPRINT NOV 13
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“Demos mais um passo para fomentar, institucionalizar e fortale-
cer uma política pública que considero estratégica. É fundamental
que o acesso ao livro seja encarado como política de Estado. Va-
mos fazer andar o projeto sobre o fundo setorial do livro, leitura
e literatura; vamos cobrar do governo o envio dos projetos que
institui o PNLL como lei, e que cria o Instituto Nacional do Livro, da
Leitura e da Literatura”, enfatizou Fátima Bezerra.
Para o secretário executivo do PNLL, José Castilho, além de tornar
o plano uma política de Estado, é esse tripé que fará a diferença
para a democratização do acesso ao livro e fortalecimento da lei-
tura. Segundo ele, não há divergências em relação à necessidade
de tornar o Brasil um país de leitores, mas reforçou que, ao mesmo
tempo, a inexistência de políticas públicas fragiliza as iniciativas.
“Não podemos ficar à mercê das mudanças de governo. O Estado
funciona com marcos legais e investimentos. E essa lei vai bali-
zar o restante das nossas necessidades. O projeto está pronto e
acredito que muito em breve deve chegar ao Congresso Nacional.”
Fabiano dos Santos, diretor do Livro, Leitura e Literatura do MinC,
reforçou a importância da institucionalização do plano. Segundo
ele, até agora o que se construiu foi uma política de livro, não de
leitura, “e esta precisa avançar”.
“Talvez seja a hora de termos o PAC da formação das pesso-
as”, destacou o deputado José Stédile (PSB/RS), em referência
ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desenvolvido
pelo governo federal desde o governo Lula. Stédile reforçou a
falta de interesse de prefeituras em investir em bibliotecas, di-
minuindo o acesso à leitura da população que não tem recurso
para adquirir livros.
Boas práticas
Em contrapartida, várias experiências independentes de incentivo
à leitura são realizadas Brasil afora e duas delas foram apresen-
tadas durante o debate. São bibliotecas comunitárias implantadas
em escolas pelo Instituto Ecofuturo e as oficinas e rodas de leitura
promovidas pela organização Vaga Lume em comunidades tradi-
cionais e rurais na Amazônia Legal.
Mas trabalhos independentes, muitas vezes, encontram barreiras.
A falta de metodologia para avaliar os resultados obtidos nas ofi-
cinas e rodas de leitura da Vaga Lume, por exemplo, tem sido um
obstáculo para o avanço do trabalho. A historiadora Sylvia Guima-
rães, uma das idealizadoras do projeto, aproveitou o debate para
pedir aos parlamentares e aos membros do Executivo que olhem
para essas iniciativas e pensem, por exemplo, editais e políticas
que contemplem quem tem know-how. Também sugeriu à acade-
mia que faça parcerias com essas instituições para que pesquisas
sobre resultados obtidos, por exemplo, possam ser realizadas.
Patrícia Lacerda, do Instituto C&A, uma das parceiras das escolas
comunitárias do Instituto Ecofuturo, lembrou que se tem pouco tem-
po até a próxima eleição e que é preciso agilidade na formulação
e aprovação dessa lei que torne livro e leitura políticas de Estado.
Levar esse debate para a ponta também foi uma demanda apre-
sentada. Ruivo Lopes, integrante da Rede de Saraus da Periferia,
de São Paulo, destacou que o PNLL pode salvar vidas nas perife-
rias das cidades. “Com o acesso à leitura, a gente pode mudar o
futuro dos jovens da periferia, a gente pode mudar a cara do mapa
da violência desse País”, disse.
*Fonte: Câmara dos Deputados e Blog do Galeno
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) investirá R$ 1,127 bilhão na
aquisição de livros didáticos impressos, versões acessíveis e objetos digitais de apoio ao
ensino que serão utilizados na educação básica pública a partir do próximo ano letivo.
No total, serão comprados 137,8 milhões de exemplares, de 25 editoras, para os ensinos
Fundamental e Médio.
Foram adquiridas obras de todas as disciplinas para todos os alunos dos anos finais do
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), num total de 75,6 milhões de exemplares, e mais 62,2
milhões de unidades de reposição e complementação para os anos iniciais do Ensino
Fundamental e Ensino Médio. No total, o governo federal adquiriu 2.511 títulos para as
duas etapas de ensino.
A partir da assinatura de contrato com o FNDE, as editoras começarão a produzir os livros
que serão entregues nas escolas públicas de todo o país antes do começo do ano letivo de
2014. Cada exemplar deve ser aproveitado por três anos, sendo passado de um estudante
a outro ao final de cada período letivo. A exceção fica para os livros consumíveis de alfa-
betização dos anos iniciais do Ensino Fundamental, mais filosofia e sociologia do Ensino
Médio, e também língua estrangeira dos dois níveis, que não precisam ser devolvidos.
FNDE compra 137,8 milhões de livros didáticos para 2014
O valor médio de cada livro ficou em
R$ 7,63. A negociação leva em conta
as tiragens totais, as tiragens médias
e o número de cadernos tipográficos
de cada editora (cada conjunto de 16
páginas no miolo do livro), que tiveram
preço médio de R$ 0,4255