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ARTIGO
GRAPHPRINT SET 13
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Com o advento das mídias eletrônicas e do e-book, tornou-se mais corrente a discussão sobre
a pertinência e o futuro de jornais, revistas, livros e cadernos. Um dos pontos que permeiam
essa polêmica é a difusão de informações equivocadas e certos questionamentos quanto à
questão ecológica do papel. Por essa razão, com o intuito de esclarecer a sociedade sobre o
instigante assunto, os segmentos com atividades correlatas à indústria gráfica vêm realizan-
do a Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa. Essa iniciativa agrega o
valor da conscientização sobre o significado da preservação das matas nativas, da conserva-
ção dos recursos naturais, da produção sustentável e do respeito ao habitat.
É preciso deixar muito claro que o papel para a impressão de jornais, revistas, livros, ca-
dernos, embalagens, talões de cheque, envelopes, cartazes, agendas, impressos comerciais,
peças de marketing direto, manuais de automóveis e eletroeletrônicos ou qualquer outro pro-
duto gráfico brasileiro não vem de florestas nativas. Esse insumo, em nosso país, é 100%
proveniente de matas cultivadas. Assim, nenhum cidadão deve sentir-se culpado ou ecolo-
gicamente incorreto ao ler quaisquer mídias impressas ou consumir produtos que tenham o
papel como base.
Corrobora essa afirmação o fato de a produção de papel no Brasil também atender ao novo
Código Florestal (Lei 12.651, de 25 de maio de 2012), a começar pelo compromisso contido na
alínea I do artigo 1º, “com a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa,
bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema cli-
mático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras.” Aqui não há uma relação jurídica
direta com o Código Florestal, mas um alinhamento ético com seu conteúdo.
No item b da alínea 9 do artigo 3º, é classificada como de interesse social “a exploração agro-
florestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e
comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não
prejudique a função ambiental da área.” Nas letras da lei, encontra-se algo que nem sempre
se difunde no País: pequenas propriedades no campo vivem do cultivo e venda de madeira
não nativa, como autêntica atividade agrícola.
A utilização exclusivamente de árvores não nativas para a produção de papel também atende
à alínea 1 do artigo 33, que estabelece a obrigatoriedade de as pessoas físicas ou jurídicas
que utilizam matéria-prima florestal em suas atividades suprirem-se de recursos oriundos de
florestas plantadas. Finalmente, o artigo 35, em seu parágrafo 2º, determina o seguinte: “É li-
vre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não consideradas
Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal”.
No Brasil, não só por força da lei, mas também pelo compromisso socioambiental, a cadeia
produtiva da comunicação impressa contribui para a preservação do inestimável patrimônio
natural, pois aqui 100% cento do papel provêm de florestas cultivadas, que ainda proporcio-
nam ganhos ecológicos adicionais: são sustentáveis e seu manejo permite manter grandes
áreas com cobertura vegetal. Outro dado expressivo em termos de reversão das mudanças
climáticas e do efeito estufa é que essas árvores, na fase de crescimento, sequestram na
atmosfera um grande volume de dióxido de carbono. Em nosso país, as matas plantadas com
finalidade industrial absorvem um bilhão de toneladas por ano desse gás. Ademais, o papel,
é reciclável.
Todos esses valores agregados, informações e dados têm sido difundidos pela Campanha de
Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, da qual são signatárias 25 entidades de
classe do âmbito nacional. Assim, é pertinente lembrar que, no Brasil, não se derruba um ar-
Papel não provoca corte de matas
nativas e atende ao Código Florestal
Por Fabio Arruda Mortara*
busto nativo sequer para que nossas
crianças tenham livros e cadernos
e possamos ler jornais e revistas,
acondicionar produtos, como medi-
camentos e alimentos, em seguras
embalagens de papel cartão e des-
frutar de todos os benefícios com os
quais a mídia impressa contempla a
civilização.
Esse caráter sustentável das mídias
impressas é importante, pois, a des-
peito do advento dos meios eletrô-
nicos, a sua demanda continuará se
expandindo, à medida que as nações
tenham êxito na inclusão e redução
das desigualdades socioeconômi-
cas. O crescimento das mídias im-
pressas, sob tais perspectivas, é
inevitável, pois a demanda relativa
a jornais, livros, cadernos e revistas
reflete os índices de alfabetização, a
universalização do ensino público de
qualidade e a tão almejada demo-
cratização das oportunidades.
*Empresário, é presidente da
Associação Brasileira da Indústria
Gráfica (Abigraf Nacional) e do
Sindicato das Indústrias Gráficas no
Estado de São Paulo (Sindigraf).