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GRAPHPRINT AGO 13
EDITORIAL
Caso Maomé não vá à montanha...
Convenhamos, não está fácil competir no mercado gráfico. A cada instante ganhamos “concor-
rentes” fortes na árdua tarefa de imprimir. As tecnologias pululam indo de encontro ao gráfico
que, por sua vez, tem de se virar nos “30” ou nos “60”. Antigamente, sei que é uma palavra forte,
mas aplicável ao momento, os clientes subiam a montanha da arte gráfica. Hoje, num piscar de
olhos, acabam ficando presos ao adjacente universo da tecnologia.
Não é uma afirmação de sepultura do setor. É a constatação da realidade. Sendo assim, não acha
que é o instante de bolar planos para trazer de volta o Maomé à montanha, mostrando o núcleo
tecnológico de sua gráfica?
Em plena transformação, transitando – literalmente – pela convergência, nosso segmento care-
ce, é verdade, de apoios governamentais. Recentemente, a Abigraf Nacional soltou o Manifesto
da Indústria Gráfica à Nação. Contando com a presença efetiva de 20 associações e sindicatos
regionais, o documento alerta para a situação atravessada pelo segmento, que viu seu desem-
penho despencar 7,6% em 2012 e teve recuo de 7,2% no primeiro trimestre de 2013.
O documento, que fora enviado para autoridades do governo federal e representantes dos Po-
deres Legislativo e Judiciário, lembra que o setor é formado por cerca de 20 mil empresas e
emprega 222 mil trabalhadores. Os principais itens pretendidos pelo documento você encontra
ao desenrolar desta edição. De acordo com o comunicado encabeçado pela Abigraf Nacional, o
setor, que está há 205 anos no Brasil, não pode resignar-se ao real risco de extinção. Caminhe-
mos à montanha, sem precedentes. Na realidade, podemos até não saber o que virá pela frente,
mas a expectativa é que venha pela frente.
Não é possível afirmar que é um alento, mas, recentemente, foi criado o Programa de Aceleração
do Crescimento para Pequenas e Médias Empresas (PAC-PME), que é uma plataforma de solu-
ções empresariais. Por meio do PAC-PME a empresa tem acesso a diversos recursos que contri-
buem para promover o seu desenvolvimento. O empresário tem treinamento continuado, acesso
a inovações, técnicas de marketing e presença digital, economia por meio de compras coletivas,
ideias de novos produtos e serviços e opções para obtenção de capital para crescimento, assim
como exposição frente a potenciais investidores. Especificamente no que se refere a acessar
capital de crescimento, via oferta de ações em Bolsa (IPOs), o PAC-PME tem um conjunto de pro-
postas que ainda dependem de apresentação, discussão e implantação, se julgadas oportunas,
pelo Governo Federal / Ministério da Fazenda. A tentativa é válida, afinal o interessante é chegar
ao cume da montanha com um histórico não degradado.
Na GRAPHPRINT deste mês você conhece, ainda, entre diversas pautas, as novidades dos for-
necedores em relação ao desenvolvimento de impressoras digitais, que sem esquecer-se das
offset, é claro, fazem parte do presente e do futuro do segmento. Um estudo da consultoria
americana IT Strategies evidenciou que os modelos para impressão digital estão ficando mais
rápidos e eficientes, além de durarem mais. Antes, de acordo com o estudo, as máquinas tinham
vida útil de quatro a cinco anos. Agora duram entre sete e oito anos. Outro dado interessante
é que, mundialmente, a soma de impressoras (grande formato) vendidas ultrapassou os US$
39 bilhões em 2012 e as vendas de equipamentos ecossolvente e látex cresceram 5% no ano.
Apoiado em estudos, tomo a liberdade de dizer que as empresas inovadoras terão, sim, um pro-
missor futuro. Empresas com melhor desempenho em inovação tiveram um crescimento médio
de receita anual de 13%, enquanto as que ainda estão engatinhando para colocá-la em prática
cresceram somente 5%. Esse foi um dos resultados da pesquisa realizada pela Bain & Company,
empresa global de consultoria de negócios, com 450 executivos de todo o mundo, inclusive da
América Latina, que trabalham em empresas com receita superior a US$ 100 milhões.
Há quem diga que o mercado editorial está claudicante. Não é bem assim! Sob encomenda da
Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato dos Editores de Livros, a Pesquisa Produção e Vendas
do Setor Editorial Brasileiro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de
São Paulo, chegou à conclusão que as editoras tiveram o melhor resultado nas vendas em 2012,
com 434,92 milhões de livros comercializados. O fatu-
ramento foi de R$ 4,98 bilhões, apontando crescimento
de 3,04% em comparação ao ano anterior, quando o re-
sultado foi de R$ 4,83 bilhões. Um dos itens da pesqui-
sa demonstra que o nicho de livros científicos, técnicos
e profissionais obteve resultado positivo no número de
exemplares vendidos ao mercado (instituições privadas
e público em geral), com crescimento de 1,16%. Foram
vendidos 34,77 milhões em 2012 e 34,37 milhões no ano
anterior.
Note que se por um lado há entraves, por outro há pontos
positivos e, quiçá, empolgantes. Caso o Governo Federal
atenda, em parte até, as solicitações lançadas, sabemos
que a indústria gráfica é plenamente capaz de tomar o
rumo em direção ao sucesso. Os fornecedores são confi-
áveis, têm produtos sustentáveis e nosso parque gráfico
não deixa a desejar para nenhum outro do mundo. As
gráficas brasileiras estão prontas para o que der e vier.
Desde que venha pela frente.
Mesmo que o caminho seja tortuoso e apresente subi-
das íngremes, nossos Maomés estão aptos aos desafios.
Caso seja preciso ver para crer, como dizia São Tomé, su-
bamos então a montanha enxergando, assim, caminhos e
horizontes inexplorados. Não importa o tamanho, ela não
pode tapar o sol, já dizia um provérbio chinês.
Saudações Graphprintenses!
Fábio Sabbag