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GRAPHPRINT DEZ 12
EDITORIAL
Não parem as máquinas,
o fim não tem começo
Para começar a desenrolar o último editorial do ano, pego carona na matéria publicada no
Meio&Mensagem – escrita pela jornalista Janaina Langsdorff – que retrata a opinião de
Tina Brown, editora-chefe da revista Newsweek, influente semanário de notícias dos Esta-
dos Unidos, e do portal The Daily Beast. Tina afirma que é uma questão de tempo para que
a crise da mídia impressa nos Estados Unidos chegue ao Brasil.
Diz a matéria que, enquanto nos Estados Unidos a Newsweek passou a existir somente no
formato digital, no Brasil a revista ainda resiste nos papéis. Acontece que Tina está certa de
que a tendência é inevitável também no Brasil. “Daqui a dois, três ou cinco anos, ninguém
sabe exatamente quando, mas vai acontecer”, comentou.
Discordo, humildemente. A crise vivida por lá pode (ou não) chegar ao Brasil. Afinal, qual é a
indústria que nunca passou por uma crise? Já há problemas demais no segmento – muitas
gráficas estão fechando as portas em 2012 – para nos preocuparmos com possíveis mare-
motos ou marolinhas provenientes do exterior. É verdade também que há gráficas prospe-
rando. Recentemente, a Plural Indústria Gráfica, resultado de uma joint venture entre o Gru-
po Folha e a Quad/Graphics USA – uma das maiores provedoras mundiais de soluções para
impressão offset – anunciou a aquisição da Quad/Graphics Nordeste Indústria Gráfica.
Vale lembrar que, recentemente, o jornal The New York Times anunciou que pretende
lançar uma operação no Brasil em 2013. Esta é a primeira vez, em 161 anos, que o jornal
é editado em outra língua que não a inglesa. A produção do conteúdo em português seria
feita por profissionais brasileiros. O primeiro passo foi dado em junho com a abertura do
escritório brasileiro da empresa italiana Cesanamedia, que atuará como representante
comercial do jornal no País.
Outra notícia favorável ao mundo da impressão é que a Giesecke & Devrient (G&D), empresa
que atua na fabricação de máquinas de impressão e processamento de papel moeda, bem
como cartões inteligentes com chips de segurança para meios de pagamento e identifica-
ção, acaba de concluir a reestruturação de sua empresa no Brasil e anuncia o investimento
de R$ 110 milhões em sua fábrica brasileira de Smart Cards, em São Paulo. Fundada na
Alemanha, em 1852, a G&D registrou vendas anuais de 1,7 bilhão de euros no exercício de
2011, dos quais 1,4 bilhão de euros são provenientes de negócios fora do território alemão,
incluindo-se aí o Brasil.
Também consulto as pesquisas. A Capgemini, um dos principais provedores de serviços
de consultoria, terceirização e tecnologia do mundo, publicou um estudo mostrando que
o Brasil superou mercados maduros (em consumo) por meio de novos canais. Entre vários
assuntos, a pesquisa evidenciou que os países em desenvolvimento estão à frente em com-
pras digitais e que as lojas físicas poderão se tornar meros showrooms até 2020. Foram
ouvidos 16 mil consumidores digitais em 16 mercados, entre países maduros, como Reino
Unido, Alemanha e Estados Unidos, e em desenvolvimento, incluindo Brasil, China, Índia,
Rússia e México.
Àqueles que miram a impressão digital, o estudo concluiu que os compradores digitais
aumentaram significativamente em países em desenvolvimento. A tendência é que esse
modelo de compra supere rapidamente a infraestrutura do varejo tradicional de mercados
maduros. A maioria dos consumidores da Índia (72%) e da China (69%) compra mais
produtos em uma única transação on-line do que em uma loja física, contra apenas 31%
dos americanos (EUA).
Detectou-se também que os compradores digitais gas-
tarão mais. Ainda que 73% dos consumidores acreditem
que os preços sejam mais baixos em lojas virtuais do
que nas físicas, 56% deles gastam mais em uma loja
física se tiverem realizado pesquisas prévias sobre o
produto em canais digitais.
Enfim, são fatos, concretizados no segmento gráfico, que
comprovam que o fim ainda não tem começo. Por outro
lado, também é preciso dar à mão à palmatória e rever os
erros internos. Ditar o fim e colocar a culpa somente na
crise é como dormir de cobertor curto: protege a cabeça e
deixa o pé ao relento. Não seria melhor alongar o cobertor?
Em tempo: Ao pagar das luzes da edição, recebemos a
informação de que transita na Câmara Municipal de São
Paulo o Projeto de Lei para consolidar o primeiro Museu
de Artes Gráficas do Brasil. Corremos até a Câmara para
entrevistar o vereador Eliseu Gabriel.
Acredite, a Lei que sustentará a criação do Museu deve
sair ainda este ano. Os grandes incentivadores e que, de
acordo com o próprio Eliseu Gabriel exercem uma pres-
são democrática, são José Alberto Lovetro, presidente da
Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB), e Gualberto
Costa, presidente do Instituto Memorial das Artes Gráficas
do Brasil (IMAG).
Feliz Natal e um ano novo cheio de novas impressões.
Saudações Graphprintenses
Fábio Sabbag