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MATÉRIA-PRIMA
GRAPHPRINT NOV 12
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Setor de papéis para
embalagem pode
sofrer escassez de
matéria-prima
Alerta foi feito durante o ABTCP 2012.
Segundo especialistas, segmento requer
investimento em produção de celulose
de fibra longa
Executivos que representam as maiores
indústrias de celulose e papel do Brasil
participaram de um debate sobre as pers-
pectivas do setor promovido durante o
ABTCP 2012 – 45º Congresso e Exposição
Internacional de Celulose e Papel, realiza-
do de 9 a 11 de outubro no Transamérica
Expo Center, em São Paulo.
Durante o evento, José Gertrudes Soares,
diretor comercial de papéis kraft da Kla-
bin, alertou para a falta de investimentos
em projetos que contemplem a produção
de celulose de fibra longa, utilizada nos
papéis para embalagens. Segundo ele, a
atual capacidade só será suficiente para
atender à demanda nos próximos cinco
anos. “Praticamente todos os grandes
projetos anunciados no Brasil contem-
plam a produção de celulose de fibra
curta branqueada. Por conta disso, a in-
dústria de papel kraft está tendo que rever
seu modelo de negócios e reciclar muito
mais. Atualmente, em função da crise, há
uma sobra de fibra nos Estados Unidos da
ordem de 3,7 milhões de toneladas. En-
tretanto, quando a economia americana
se recuperar, vai faltar matéria-prima”,
acrescentou.
Outra questão abordada pelos participan-
tes do debate foi a competitividade do
setor de celulose e papel. Para Francisco
Valério, diretor industrial da Fibria, essa
indústria é e continuará sendo compe-
titiva, mas saltos de produtividade pre-
cisam ser dados. “Não dá para pensar
em ganhos significativos utilizando os
processos atuais. É fundamental investir
em excelência operacional para se obter
resultados sustentáveis”, observou. Se-
gundo o executivo, a Fibria formou desde
2000 mais de 200 profissionais por meio
da realização de cursos de especialização
em celulose e papel.
Ernesto Pousada, diretor executivo de
operações da Suzano, destacou a bio-
tecnologia como um caminho sem volta
para garantir a competitividade do setor
de celulose e papel, assim como a con-
solidação em nível global. “Hoje as dez
maiores empresas representam apenas
40% do mercado, que é bastante pul-
verizado. Nesse sentido, a consolidação
proporcionaria sinergia e reduções ex-
pressivas de custos.”
Reginaldo Gomes, diretor comercial e de
logística da Eldorado Celulose e Papel,
chamou atenção para o início das opera-
ções da primeira fábrica da empresa em
Três Lagoas (MS), previsto para meados
de novembro deste ano. Com capacidade
de produção de 1,5 milhão de toneladas/
ano, a unidade deve chegar a 5 milhões
de toneladas/ano até 2020. Um dos di-
ferenciais competitivos é a logística, que
combina transporte por meio de hidrovia
e ferrovia. Para isso, a Eldorado conta com
locomotivas e vagões próprios, além de
16 barcaças que, em comboio de quatro,
têm capacidade para transportar até 6 mil
toneladas por viagem. “Nosso processo
está baseado em mais eficiência por me-
nos custo. Temos como meta ser um dos
líderes do setor de celulose e, para isso,
queremos disputar ombro a ombro com
nossos competidores”, concluiu.