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ARTIGO
GRAPHPRINT SET 12
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A inovação e a
criatividade no setor
de celulose e papel
Por Lairton Leonardi*
O setor de celulose e papel nacional é considerado forte e extremamente
bem planejado. No Brasil toda a produção é proveniente de florestas plan-
tadas de eucalipto e pinus. As árvores são cultivadas com insumos de alta
qualidade e por meio de técnicas de manejo sustentável, depois colhidas
para uso industrial e novamente plantadas, perpetuando assim o ciclo flo-
restal do setor.
A manutenção desse ciclo é fundamental para a preservação do meio am-
biente, pois dessas árvores plantadas são retiradas a matéria-prima que
oferecerá à sociedade celulose, papel, lenha, biomassa e outros energéti-
cos em larga escala, de forma renovável.
Não à toa o Brasil é líder mundial na fabricação de celulose fibra curta de
eucalipto, com produtividade maior e mais competitiva (barata), muito em
função da organização no cultivo, que permite o crescimento das árvores
em seis a sete anos, um tempo bem mais curto se comparado a outros
produtores internacionais, que convivem com ciclos longos de corte e, por
isso, necessitam arcar com gastos de importação de madeira.
A competitividade brasileira ainda se observa nos processos produtivos
adotados nos últimos anos, nos quais o consumo de água e de energia é
sustentável, e geram autossuficiência energética e investimentos em reu-
tilização da água através de tratamento de efluentes.
Embora caminhe consolidado, cabe ao setor abstrair as questões momen-
tâneas de mercado para pensar e discutir novas visões e formas de se fa-
zer celulose e papel, no horizonte dos próximos 20 anos, o correspondente
a três ciclos florestais de celulose.
Neste contexto, as questões ambientais estarão mais fortes e, por isso, é
fundamental estimular a criatividade e a inovação no setor, em busca da
produtividade e competitividade cada vez maior, por meio de processos e
produtos, realizados de forma efetiva – alinhando a eficiência à eficácia, e
que contribuam com a sustentabilidade, incluindo a econômica e a social.
*Presidente da Associação Brasileira Técnica de Celulose e
Papel (ABTCP).
Essa tendência, de ser criativo e inovador para pensar
no negócio como um todo é observada atualmente em
muitos dos principais fabricantes de celulose e papel,
porém pode-se considerar uma discussão ainda inicial,
apesar de promissora. Inclusive já são realidade os es-
tudos para a busca de melhoria dos processos, de per-
formance e de melhor utilização dos recursos florestais,
da água e da energia, primordiais ao setor, com menor
agressão possível ao meio ambiente.
Algumas pesquisas em desenvolvimento no Brasil e em
outros países demonstram o quão importante é apro-
veitar outros subprodutos extraídos da própria floresta,
além da fibra de celulose, capazes de incrementar a
produção de papel, fazendo surgir, por exemplo, emba-
lagens mais leves e resistentes, dentro de um processo
permanentemente sustentável.
Essas discussões já estão na pauta de todos aqueles
que compõem a cadeia de celulose e papel. Entretanto,
é necessário ultrapassar a escala piloto (laboratorial)
para implementar essas novas ideias em escala indus-
trial, beneficiando assim o setor como um todo.