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ARTIGO
GRAPHPRINT JUL 12
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No contexto da Rio+20 é pertinente analisar conceitos e preconceitos relativos ao tema
da sustentabilidade. É o caso, por exemplo, de aprofundar a discussão que permeia a
impressão de jornais, revistas, livros, cadernos e outros produtos gráficos. Embora em
número e intensidade cada vez menores, ainda se difundem informações equivocadas e
propaganda alusiva à questão ecológica do papel. Por essa razão, com o intuito de es-
clarecer a sociedade sobre a intermitente polêmica, a cadeia produtiva da comunicação
impressa vem realizando a Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impres-
sa. Essa iniciativa agrega o valor da conscientização sobre o significado da preservação
das matas nativas, da conservação dos recursos naturais, da produção sustentável e do
respeito ao habitat como fatores condicionantes à reversão do efeito estufa e das mu-
danças climáticas.
A importância da cobertura vegetal para o sucesso da missão da humanidade de garantir
a vida na Terra é evidenciada em dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
biente (Pnuma): as florestas representam 31% da superfície sólida do planeta, servindo
de abrigo a 300 milhões de pessoas e garantindo, de maneira direta, a sobrevivência de
1,6 bilhão de indivíduos e 80% da biodiversidade terrestre.
No Brasil, a cadeia produtiva da comunicação impressa contribui de modo relevante para
a preservação desse inestimável patrimônio natural, pois aqui não se cortam árvores
nativas para a produção de celulose e papel. Cem por cento desses insumos provêm de
florestas cultivadas, que são plantadas para serem colhidas e que ainda proporcionam
ganho adicional ao meio ambiente: são absolutamente sustentáveis e seu manejo per-
mite manter grandes áreas plantadas, as quais, na fase de crescimento, sequestram na
atmosfera expressivo volume de dióxido de carbono. Em nosso país, as matas plantadas
com finalidade industrial absorvem um bilhão de toneladas por ano desse gás, principal
causador do efeito estufa. Além de renovável, a mais importante matéria-prima da indús-
tria de comunicação gráfica, o papel, é reciclável.
Todos esses valores agregados, informações e dados têm sido difundidos pela Campanha
de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, da qual são signatárias 25 entida-
des de classe do âmbito nacional. Assim, é pertinente lembrar, toda vez que se veiculam
informações equivocadas sobre o tema, que, no Brasil, não se derruba um arbusto nativo
sequer para que nossas crianças tenham livros e cadernos e possamos ler jornais e re-
vistas, acondicionar produtos em seguras e criativas embalagens de papel cartão e des-
frutar de todos os benefícios com os quais a mídia impressa contempla nossa civilização.
A despeito do advento dos sofisticados
meios eletrônicos, a demanda da comuni-
cação impressa continuará se expandindo,
à medida que as nações, como ocorre no
Brasil, tenham êxito na inclusão socioeco-
nômica e na redução das desigualdades.
Seu crescimento, sob tais perspectivas, é
inevitável, pois a demanda relativa a jor-
nais, livros, cadernos e revistas reflete os
índices de alfabetização, a universalização
do ensino público, a almejada democrati-
zação das oportunidades e o acesso am-
pliado ao conhecimento, inclusive sobre
a premência de atitudes cada vez mais
ecologicamente corretas por parte da so-
ciedade.
O papel da comunicação
para a sustentabilidade
Por Fabio Arruda Mortara*
*Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é
presidente da Associação Brasileira da Indústria
Gráfica (Abigraf Nacional) e do Sindicato das
Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo
(Sindigraf-SP).