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Papéis reciclados
GRAPHPRINT NOV 11
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Papéis reciclados, além de reduzirem sistematicamente a quantidade de lixo – um grave
problema da humanidade –, vão muito bem, obrigado, com impressão de qualidade
Fábio Sabbag
Consumo: dar-se-á a reciclagem
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Em 105, quando Ts’ai Lun (50-121), corte-
são do império chinês, inventou o papel,
mal sabia que estava inaugurando um dos
capítulos mais decisivos da história. Lun
refinou e popularizou o processo de mis-
turar fibras de árvores e caules de trigo
com a casca de um tipo de amoreira, tritu-
rando-as e colocando a mistura sobre um
tecido trançado para criar uma superfície
leve para a escrita. Essas folhas de fibras
mistas representaram uma melhoria so-
bre bambu e madeira, que eram pesados
e incômodos, e seda, que era cara.
As dinastias chinesas seguintes conspira-
ram para manter a invenção em segredo.
Foi só no início do século VII que começa-
ram a surgir técnicas de fabricação de pa-
pel no Japão e Coreia. Com a captura de
comerciantes de papel chineses por sol-
dados árabes durante a Batalha de Talas,
em 751, o conhecimento do papel logo se
espalhou pelo mundo árabe, chegando à
Europa por meio da Espanha mourisca no
começo do século XII.
Na Europa, o papel iniciou uma disputa
secular com o pergaminho pela liderança,
até que a invenção dos tipos móveis, no
século XV, levou a um aumento súbito da
alfabetização e a uma demanda por livros
que o pergaminho não era capaz de aten-
der. No século XVIII surgiram papéis feitos
de linho e algodão, que foram substituídos
por madeira e outras polpas vegetais no
início do século XIX.
Toda ação tem um reação. O que, talvez,
os inventores não pensaram foi a questão
da reciclagem. Também, pudera, o mun-
do, à época, vinha numa efervescência
gigante. Daremos então um salto históri-
co. Hoje uma das principais razões para
a reciclagem é reduzir a quantidade de
lixo enviada para os aterros. A sociedade
americana, por exemplo, na década de 80,
mandou quase 150 milhões de toneladas
de lixo para os aterros por ano. Hoje são
lançadas mais de 100 milhões de tonela-
das anualmente. Em 2006, os esforços de
reciclagem nos Estados Unidos desviavam
32% do lixo dos aterros, fato que evitou
que mais de 60 milhões de toneladas de
lixo acabassem em aterros anualmente.
No Brasil contemporâneo recentemente o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) e o Ministério do Meio Ambiente
anunciaram que o desmatamento da Re-
gião Amazônica teve uma queda de 38%
no mês de agosto em comparação ao
mesmo mês de 2010. O estudo foi reali-
zado sobre imagens tiradas via o satéli-
te, onde o instituto verificou que 164km²
foram derrubados, o que equivale a cem
vezes o parque Ibirapuera. É pouco ainda,
mas o pouco se torna muito quando, em
épocas passadas, o ser humano era bem
mais voraz na destruição da floresta.
Essas notícias acalentam os ideais da
sustentabilidade e dão às indústrias for-
mas inéditas de agirem. A papeleira, há
longos anos, contribui para o desenvol-
vimento sustentável. Muita gente pensa,
e crê fielmente, que o fato de não usar
papel é sinônimo de preservação. Ledo
engano. No Brasil não se derruba árvores
nativas para produzir papel. Toda derruba-
da é feita por meio de florestas plantadas,
sistematicamente pensadas para produzi-
rem papel e contribuir para a redução de
emissão de carbono. Portanto, parem com
essa ideia de colocar ao final do email que
é preciso pensar antes de imprimir. É pre-
ciso pensar antes de afirmar isso.
E foi exatamente por pensar que um dia
alguém questionou: “Somos totalmente
sustentáveis na produção de papel. Oras,
podemos reciclar o produto e dar nova
vida ao papel.” Simples e elementar, caro
leitor. “O papel reciclado tem uma con-
tribuição importante, pois se consiste no
produto final que viabiliza a atividade de
reciclagem. É importante mencionar que
se o papel não for reciclado acabará fa-
talmente em aterros sanitários, onde sua
decomposição produzirá uma mistura
gasosa de dióxido de carbono e metano,
que se não for devidamente tratada con-
tribuirá para o aumento do efeito estufa e
do aquecimento global, revertendo o sal-
do positivo da cadeia de papel e celulose.
Ainda tratando do tema sob o ponto de
vista ambiental, contrariando o que foi di-
vulgado em algumas matérias tendencio-
sas, nossa produção de papéis reciclados