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GRAPHPRINT NOV 11
EDITORIAL
As invenções e seus
reinventores
Ao adquirir o livro “1001 Invenções que Mudaram o Mundo”, produzido por Quintessence e im-
presso na China pela Toppan Leefung Printers LTD (no Brasil todos os direitos reservados por
Editora Sextante Ltda.), confesso que ganhei informação eloquente. Há tempos, sinceramente,
não pegava para ler um livro com tanto afinco. Começo a ler quatro a cinco livros ao mesmo tem-
po e termino um. Ao menos, contribuo e continuo fortalecendo o prazer diário de fazer matérias
com vocês, gráficos, fornecedores, consultores, impressores, entre outros. Mas, eu, sou o menos
importante dessa toada.
Voltemos então ao livro, retomemos o assunto leitura. Dentre as “1001 Invenções” há o monotipo.
Na mesma época em que o linotipo estava sendo inventado, Tobert Lanston (1844-1914), um
oficial do governo americano, inventava um novo sistema de composição. A patente inicial de
Lanston foi concedida em 1885, mas só fez sucesso depois que ele fundou a Lanston Monotype
Machine Company, emWashington, em 1887. No sistema, as letras, espaços e outros caracteres
eram selecionados mecanicamente a partir de instruções contidas numa fita de papel com per-
furações criadas com um teclado e que representam uma letra diferente ou espaço. Embora a
composição da impressão commonotipos não fosse tão rápida, o sistema facilitava a correção e
o controle do espaçamento. Logo, as composições complexas se tornavam possíveis.
Entre as 960 páginas há a história do empresário e inventor americano George Eastman (1834-
1932), que ao se tornar fascinado pela fotografia em 1874 fundou a Eastman Dry Plates and
Film Company para produzir chapas fotográficas secas. O rolo de filme sobre base transparente,
então, veio a substituir as placas de vidro, frágeis e de difícil manuseio. O filme transparente e
flexível de Eastamn, usados nos cinescópios de Thomas Edison, foi a base da nascente indústria
do cinema. Em 1953, a introdução do filme colorido Kodakchrome – com três camadas de emul-
são – popularizou a fotografia em cores.
Sem a comunicação o que seria da humanidade? O que seria de nós, humanidade da indústria
gráfica. Em 1887, David Hughes transmitiu mensagens em código Morse a curta distância. Um
ano depois, Heinrich Hertz gerou e detectou ondas de rádio, mas não se deu conta de suas apli-
cações práticas. Somente em 1891, Nikola Tesla (1856-1943) começou a dar vida à tecnologia
de rádio. Percebendo o potencial das estranhas ressonâncias e interações causadas pela corrente
alternada em seus experimentos elétricos, Tesla criou um sistema de rádio de longa distância em
Nova York. Começava então a era da comunicação sem fio.
Ao ver um cliente derramar vinho na mesa de um restaurante, Jacques E. Brandenberger (1872-
1954) pensou em criar uma película transparente para impermeabilizar toalhas. Tentou revesti-
-las com uma película de viscose, mas o material as tornavam rígidas demais. Com um bom
engenheiro insistiu na criação e ao dissolver fibras de celulose de materiais como aipo, madeira,
algodão ou cânhamo em álcalis e bissulfeto de carbono para formar viscose, que era então
extraída por uma ranhura em banho de ácido para ser reconvertida em celulose, desenvolveu o
celofane. A invenção de um verniz impermeável em 1927 gerou o celofane à prova de umidade,
tornando-o adequado às embalagem de alimentos.
A cola é outra invenção marcante. Em cemitérios de tribos anti-
gas, arqueólogos descobriram vasos de cerâmica com rachadu-
ras coladas com seivas vegetais. Semelhante ao alcatrão, esse
tipo de cola também era aplicado em estátuas babilônicas, que
tinham os olhos colados ao rosto. Entalhes egípcios de mais de
3 mil anos retratam a aplicação de verniz de bordo; no norte da
Europa foram descobertos jarros de argila de 6 mil anos com
remendos feitos com uma cola derivada de alcatrão de casca
de bétula. Os antigos egípcios faziam cola fervendo peles de ani-
mais e a usavam em junções em carpintaria; o registro mais an-
tigo do uso de papel higiênico é chinês, do século VI, quando Yan
Zhitui, erudito e oficial do governo, emitiu um alerta com dizeres
filosóficos para limpar o traseiro. Até o fim do século XIV, quan-
do o restante do mundo utilizava água, os chineses fabricavam
mais de 700mil folhas de papel higiênico aromático para a corte.
O papel higiênico foi fabricado em rolo pela primeira vez nos Es-
tados Unidos, pela Scott Paper Company, em 1890. Em 1935, a
Northern Tissue Company promoveu o papel sem farpas e uma
versão mais suave, com duas folhas de papel, lançada em 1942.
Bom, ainda faltam 995 invenções. Infelizmente não há espaço
físico para discorrê-las. Mesmo assim, prometo que nas próxi-
mas páginas certamente encontrará outras invenções, muitas
evoluções e novidades. Afinal, a GRAPHPRINT é feita por vocês,
mantenedores e reinventores da indústria gráfica.
Saudações Graphprintenses
Fábio Sabbag