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acontece
no mercado
A indústria está perdendo
espaço na economia bra-
sileira. Ao longo dos últi-
mos anos, o setor reduziu
a participação no Produto
Interno Bruto (PIB), no em-
prego e nas exportações.
Mas os instrumentos para
frear esse processo estão
nas mãos do governo e do
Congresso. Essa é a ava-
liação do diretor executivo
da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), José Au-
gusto Fernandes. Ele participou no dia 6 de julho da audiência
pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE)
que discutiu os riscos de um processo de desindustrialização no
País e a agenda em favor da competitividade industrial. “Nossa
agenda está sob nosso controle”, afrmou Fernandes. Para o di-
retor executivo da CNI, é preciso trabalhar para reduzir o custo
Brasil, desonerando os investimentos e as exportações. Além dis-
so, é necessário eliminar as assimetrias competitivas, como as
provocadas pela redução do Imposto sobre Circulação de Merca-
dorias e Serviços (ICMS) nas importações, incentivo concedido por
alguns Estados em prejuízo de outros. Fernandes destacou que
é também preciso investir na qualidade da educação e na ino-
vação, aperfeiçoar a política macroeconômica garantindo maior
controle dos gastos públicos e melhorar os mecanismos de defesa
Indústria perde espaço na economia brasileira, alerta diretor da CNI
e negociação comercial. “Tudo
isso requer urgência. O tem-
po econômico é diferente do
tempo político e o atraso po-
derá comprometer a indústria.”
Dados da CNI mostram que a
participação da indústria no
PIB brasileiro caiu de 35,9% em
1984 para 15,8% no ano passa-
do. O setor que foi responsável
por 30,6% de todos os postos
de trabalho no País em 1985
hoje emprega apenas 17,4% do
contingente de trabalhadores.
As exportações industriais, que representavam 60,8% em 1993,
hoje participam com 39,4% do total de bens e serviços vendidos
ao exterior. Em compensação, as importações industriais aumen-
taram de 11,4% do total de compras externas do país em 2000
para 18,7% atualmente.
Segundo Fernandes, vários fatores contribuem para a perda de
espaço da indústria. Questões macroeconômicas, como a insta-
bilidade econômica dos anos 80 e do início dos 90, o novo pa-
drão de crescimento global e a recente política econômica – que
acelerou os gastos públicos, aumentou os juros e fortaleceu o
real – contribuíram para a perda de participação da indústria na
economia. E fatores estruturais, como o aumento da terceirização,
a alta do custo de produção e o crescimento das despesas das
famílias com serviços, como o de telecomunicações, que subtrai
renda para gastos com outros produtos. O mesmo diagnóstico
também foi feito pelo presidente da Associação Brasileira da In-
dústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, que es-
timou em mais de 8 milhões os empregos diretos e indiretos na
cadeia têxtil e de confecções. “O importador de tecido hoje está
importando a peça pronta e matando toda a cadeia da confecção.
Precisamos de um regime diferenciado de tributação para ganhar
escala”, argumentou Diniz. O presidente da Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert
Neto, lembrou que o setor emprega 360 mil pessoas e paga bons
salários. “Quando o setor de confecção deixa de investir ou fecha
uma fábrica, é a nossa indústria que deixa de vender máquinas
e equipamentos”, contou Aubert Neto. Para o vice-presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor
Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, Sérgio Marques, há 15 anos os
sindicatos alertavam para a necessidade de combater a importa-
ção de produtos de baixa qualidade. A saída, para ele, é investir
em formação profssional e no combate à pirataria.