Page 14 - 114

This is a SEO version of 114. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »
ENTREVISTA
GRAPHPRINT SET 11
14
querem fazer fora e isso é muito ruim para o Brasil. Outro dia
peguei uma foto do nosso licenciamento dos anos 70 e tínha-
mos centenas de produtos e livros “made in Brasil”. Vale lem-
brar que vários governos andaram desnacionalizando e não
criaram uma proteção legal
para a indústria brasileira.
Por isso, acabamos fcando
nas mãos de muitos países
em diversas áreas. Poxa,
o Brasil está numa boa, a
economia é satisfatória, já
dá para reverter esses e
outros vários processos.
GRAPHPRINT:
Isso quer dizer
que a própria economia cons-
pira a favor, atualmente?
MAURICIO DE SOUSA:
Quando paro num farol, os
garotos de rua, que since-
ramente via em maior nú-
mero antigamente, gritam:
Maurício de Souza tem
uma revistinha para mim?
Hoje todos conhecem tudo
e mesmo a classe menos
favorecida de antigamente
hoje começa a subir algum
degrau na sociedade brasi-
leira. E nós, como estamos
espalhados em todas as
classes sociais, temos de
continuar fazendo produtos
bons, bonitos e baratos.
Nesse ponto brigo sempre com as editoras e com os distribui-
dores que querem continuar com partes altas demais no bolo.
Podemos democratizar um pouco mais também. Certa vez
ameacei fazer revista sem cor, barata, e distribuir em regiões
menos favorecidas em termos de economia. Hoje, a mesma
revista pode circular nas mais diversas regiões do País, mas
é preciso baixar um pouco o ganho ou o tamanho do ganho.
É o sistema chinês: faça
muito, venda mais barato
e ganhe muito mais.
GRAPHPRINT:
É evidente,
também, que o acesso à
informação é bem mais
democrático hoje?
MAURICIO DE SOUSA:
Com
isso posso realizar meu
sonho: assim que o flme
vai para o computador já
será possível escolher as
imagens que vão compor
o livro que posteriormente
será vendido com exce-
lente qualidade e preço,
não tão diferenciado dos
demais. Acho que temos
de quebrar paradigmas;
os lucros não podem ser
exorbitantes e temos de
atingir o maior número
de consumidores. Em
todas as plataformas
temos de usar a mesma
filosofia para continuar
o negócio e dar susten-
tabilidade. Quem não
partir para a convergên-
cia não vai durar muito tempo. É preciso procurar o que
pode acontecer em cima da possibilidade de mercado. A
dinâmica hoje é diferente.
“Todos nós da civilização do papel queremos continuar apostando no papel pintado. É
por meio dele que exploramos o tato, o olfato, o paladar, entre outros vários sentidos. E,
convenhamos, é bem mais gostoso pegar no papel do que pegar na tela fria do computador.