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GRAPHPRINT AGO 11
EDITORIAL
Trago-lhe boas novas
Ao folhear o jornal Folha de S. Paulo, página A16, do dia 11 de julho, encontrei a seguinte notícia:
“The Economist” destaca jornais em países emergentes”. A matéria publicada na revista britânica,
em uma reportagem de 14 páginas, dizia que a internet demoliu o velho jeito de fazer as coisas, mas
tornou outros possíveis. Apesar de sublinhar a queda na publicidade nos jornais europeus e ameri-
canos, a publicação concluiu que o meio jornal vem crescendo nos países emergentes. Segundo a
revista, entre 2005 e 2009, a circulação de jornais cresceu 39,7% na Índia, 20,7% no Brasil e 10,4%
na China. Enquanto houve quedas de 11% e 8% na América do Norte e na Europa, respectivamente,
a circulação subiu 5% na América do Sul, 13% na Ásia e 30% na África. Outro ponto abordado é o
dos novos negócios desenvolvidos pelos jornais, que contam a seu favor com marcas de prestígio:
grupos jornalísticos têm criado livrarias on-line, organizado seminários e eventos, e produzem ma-
terial didático e apostilas. O britânico “Daily Telegraph” e o americano “The New York Times” cria-
ram clubes de vinhos, enquanto o espanhol “Marca” vende produtos esportivos exclusivos a seus
leitores. A conclusão da reportagem aponta para um retorno ao jornalismo mais caótico e partidário
do século 19, antes do surgimento dos meios de comunicação de massa.
Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), recentemente publicou artigo com o
título “Livro é protagonista da inclusão sociocultural”. De acordo com Karine, o fomento do aces-
so ao livro é fator imprescindível para o sucesso, imediato e perene da campanha mundial “Faça
algo pela diversidade cultural e a inclusão”, recentemente lançada pela Unesco (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a Aliança de Civilizações da ONU (Unaoc).
Atuar de modo absolutamente comprometido com essa meta tem sido prioridade da Câmara Bra-
sileira do Livro (CBL), corroborada pelo trabalho da atual diretoria. Embora empossados há pouco
mais de três meses, em 28 de fevereiro último, os novos dirigentes já deram passos expressivos.
Um deles foi a ativa participação da entidade no processo relativo à criação do Circuito Nacional de
Feiras de Livros, recentemente lançado em parceira com o Ministério da Cultura e a Fundação Bi-
blioteca Nacional. A CBL, historicamente, tem cumprido missão relevante no sentido de estimular
essas mostras em todo o País, por meio de parcerias, apoios e a utilização de seu know-how como
promotora da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a terceira maior do setor em todo o mun-
do. O novo circuito permitirá potencializar mais uma conquista do mercado editorial, na qual nossa
entidade também foi uma das protagonistas: a mudança na Lei Rouanet, que possibilitou a dedu-
ção, por parte dos patrocinadores, de 100% das verbas aplicadas nos projetos e eventos de livros.
Outra ação a ser enfatizada refere-se aos direitos autorais. A CBL promoveu ampla articulação
das entidades de toda a cadeia produtiva para encaminhar propostas de melhoria ao projeto do
Ministério da Cultura, que precisa de aprimoramentos antes de ser endereçado ao Congresso Na-
cional. O governo foi sensível à questão e está considerando os pontos apontados pelo mercado
editorial. “Em todas as frentes estamos trabalhando de maneira incansável para que o ato da
leitura seja, cada vez mais, fator de cidadania, provedor de cultura e instrumento de inclusão so-
cial, como preconiza a campanha da Unesco. Para nós, essa é uma responsabilidade permanente,
pois acreditamos ser o livro, em quaisquer mídias legais, o grande portal do desenvolvimento”,
afirma a presidenta Dilma Roussef.
Ao navegar na internet, no blog de Fernando Rodrigues (www.uolpolitica.blog.uol.com.br), en-
contrei a seguinte notícia: “Ricos nos EUA leem jornal e revistas em papel.” A maioria dos ameri-
canos, com amplo acesso às novas tecnologias, prefere consumir informação em seus formatos
originais, como tevê e veículos impressos. O dado é de uma pesquisa da Ipsos, empresa espe-
cializada em estudos sobre mídia e marketing. O levantamento foi divulgado pelo site AdAge.
Segundo o estudo, 86% dos americanos com maior poder de
compra leem jornais no formato impresso. Apenas 39% o fa-
zem no computador, e 14%, em smartphones. Com as revistas,
o comportamento se repete: 93% as leem em papel, e 27%, no
computador. Para chegar ao resultado foram entrevistados, de
março a maio de 2011, mil internautas com renda familiar anual
de, pelo menos, US$ 100 mil. Isso representa, segundo o texto
do AdAge, “os 20% dos americanos que detêm cerca de 60%
da renda dos EUA”. Questionados sobre como acompanharam a
morte de Osama Bin Laden, por exemplo, 70% responderam que
foi pela tevê, e 40%, pelos jornais impressos. O mesmo ocor-
reu com o terremoto, tsunami e crise nuclear do Japão: 76%
acompanharam a repercussão pela tevê, e 49%, pelos jornais
impressos. Veículos tradicionais têm até mesmo aceitação entre
os jovens ricos. Dos entrevistados com idade de 18 a 34 anos,
88% leem revistas em papel.
O portal Administradores.com.br fez o caminho inverso e apos-
tou no meio impresso ao lançar a revista Administradores, que
apenas seis meses após seu lançamento já conta com cerca de
5 mil assinantes. O site www.administradors.com.br é um canal
online voltado ao público de administração e negócios no Brasil,
com uma média mensal de 3 milhões de visitas. E foi acredi-
tando nessa força que a equipe resolveu investir no mercado
de impressos.
Caso ainda não tenha conseguido convencê-los do momento fa-
vorável, vire a página: daqui em diante temos várias outras boas
notícias e ótimos argumentos.
Saudações Graphprintenses
Fábio Sabbag