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ARTIGO
GRAPHPRINT MAR 11
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mas o que vai garantir seu futuro são o design e a composição
com outros materiais. A aplicação intensiva do design vai abrindo
para as embalagens de papel cartão novas perspectivas, formatos
diferenciados, exclusivos e inovadores, criando soluções eficien-
tes na competição de mercado. A combinação das formas diferen-
ciadas com a alta qualidade de impressão resulta em embalagens
mais competitivas.
Uma nova abordagem de projeto apresentada recentemente am-
pliou ainda mais esse caminho. Até agora, os novos desenhos de-
pendiam muito dos equipamentos de acabamento mecanizado e
dos equipamentos de envase, o que acabava restringindo as solu-
ções apresentadas ao que esses equipamentos eram capazes de
fazer. Nesta nova abordagem, o projeto é feito a partir do objetivo
que se deseja obter.
Primeiro, vai-se ao mercado e ao consumidor para descobrir suas
expectativas e desejos relativos à embalagem. A partir disso, é
criada a embalagem que vai atender as exigências do consumidor
e, só depois, é desenvolvido o equipamento para produzi-la e para
operá-la na linha de produção. Uma empresa suíça apresentou
essa proposta: desenvolver equipamentos para produzir a emba-
lagem que o mercado quer, e não mais produzir as embalagens
que o equipamento consegue fazer.
Novos conceitos como este nos fazem perceber que a embalagem
de papel cartão tem ainda muito que oferecer, pois a combinação
de suas características e vantagens competitivas, associadas ao
novo design, garante a ela um lugar de destaque no futuro dos
produtos de consumo.
Materiais tradicionais, milenares ou centenários, como o vidro, o
aço e o papel, tendem a ceder parte de seu espaço aos novos
materiais e tecnologias que vão surgindo. É um processo natural
dentro da dinâmica evolutiva da indústria de embalagens, onde
diversos materiais vão surgindo e ocupando posições, alternando-
se no envase das várias categorias de produtos.
Dentro desse contexto, verificamos que, somadas, as embalagens
de papel, papel cartão e papelão ainda detêm uma grande parti-
cipação na totalidade das embalagens produzidas no País. Isso
acontece por uma série de fatores, a começar pela oferta dessa
matéria-prima em qualidade e quantidade suficiente, pois o Bra-
sil é um dos grandes exportadores mundiais de papel, graças ao
modo de produção adotado, a partir de florestas 100% cultivadas.
Além de todas as florestas nacionais dedicadas à produção de pa-
pel serem plantadas, elas têm certificação internacional, o que ga-
rante ummanejo florestal da melhor qualidade. Isso é fundamental
para manter pujante a indústria gráfica que temos espalhada por
todo o País, o que garante fácil acesso das empresas a esse tipo
de embalagem. A presença da indústria gráfica e o conhecimento,
acumulado por elas das tecnologias de produção de embalagens
de papel cartão fazem com que as pequenas e médias empresas
se beneficiem dessa tecnologia e da facilidade de acesso a sua
utilização, que não exige investimentos em moldes caros, permite
pequenas tiragens e envase simplificado.
A qualidade da impressão é um ponto forte das embalagens de
papel cartão, pois, além da qualidade das cores e imagens, a im-
pressão pode ser combinada com vernizes, relevos e outros recur-
sos gráficos que resultam em embalagens bonitas e expressivas.
Esses fatores garantem a participação atual dessas embalagens,
O futuro das
embalagens de
papel no Brasil
No Brasil, as ofertas de papel, papel
cartão e papelão são suficientes para
o mercado interno e também para
exportação
Por Fábio Mestriner
Fábio Mestriner é professor-coordenador do Núcleo de Estudos da
Embalagem da Escola Superior de Propaganda e Marketing; professor
do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem da Escola
de Engenharia Mauá; coordenador do Comitê de Estudos Estratégicos
da Associação Brasileira de Embalagem; autor dos livros “Design de
Embalagem – Curso Avançado” e “Gestão Estratégica de Embalagem”.