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O papel da impressão -
Reportagem especial
GRAPHPRINT SET/10
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O mundo das novidades
Ao primeiro impacto as criaturas azuis do filme Avatar,
épico da ficção cientifica escrito e dirigido por James
Cameron, causam-nos repúdio ou medo. Aos poucos, e
depois de descobrir que os brutos e os avatares também
amam, acabamos torcendo pelo sucesso da colônia azul.
Assim como os avatares também já foram estranhos,
ao primeiro impacto a leitura virtual também assustou
alguns e incentivou outros. Recentemente foi divulgado
nos grandes meios de comunicação que o presidente do
Jornal do Brasil, Pedro Grossi, pediu licença do cargo
(por tempo indeterminado), por discordar da extinção do
jornal impresso decretada pelo empresário Nelson Ta-
nure, que tem o direito de uso da marca por 60 anos.
Deixemos claro, enquanto uma publicação segmentada
para a indústria gráfica, que a informação aqui publica-
da não tem o objetivo de analisar a administração dos
executivos do jornal; usamos, apenas e tão somente, um
fato que não necessariamente comprova, mas reflete
as nuanças da comunicação atual, como gancho para a
continuação da reportagem.
É claro que não cabe aqui decretarmos a morte do meio
jornal, por exemplo, mesmo por que muitos veículos
estão crescendo exponencialmente. Mas que a “leitura
virtual” paira sobre o mercado ninguém nega. “Tudo que
puder ser colocado no meio digital entrará nessa mídia.
Os jornais são exemplos clássicos. As informações dos
veículos precisam estar disponíveis no meio digital para
o veículo valorizar a sua atividade, que é produção do
conteúdo. Mas não acredito no fim do jornal. As esta-
tísticas apontam crescimento da mídia impressa, tanto
jornal como revista, nos próximos anos devido ao au-
mento de pessoas dentro da faixa de consumo do País.
O Jornal do Brasil está indo na contramão do mercado”,
diz Mortara.
Canja de galinha e prudência nunca fizeram mal a nin-
guém. “A ‘leitura virtual’ vem crescendo. Mas uma pre-
ocupação pertinente, no tocante ao avanço das mídias
digitais, no campo da informação, diz respeito à qualida-
de dos conteúdos produzidos e armazenados. Megaem-
presas digitais, como a Apple e o Google, cresceram tanto,
e com tantas ramificações, que não seria exagero afirmar
que nos tornamos quase reféns desses conglomerados e
que eles podem, se assim o desejarem, manipular as in-
formações de acordo com seus interesses. Outra desvan-
tagem é que, ao consultar sites de busca como o Google e
o Yahoo, a informação flui como uma cascata, sem qual-
quer filtro. Dessa forma, informações verídicas são mistu-
radas a todo tipo de ‘lixo’ digital”, detecta Faria. Carvalho
é enfático: “Veja os grandes jornais do Brasil e perceberá
que o caso do Jornal do Brasil é pontual.”
O diretor de canais de PSG da Xerox do Brasil é outro
profissional do mercado que não acredita em substitui-
ção. “Mesmo com o crescimento e popularização dos
leitores digitais, as camadas privilegiadas da socieda-
de são as únicas com acesso a este tipo de leitura, por
enquanto. A grande massa dos países ainda não tem
acesso ou possui restrições, ficando assim dependente
da leitura impressa”, avalia Serralheiro. Para Abreu, a
convergência das mídias não é de agora: “Já há alguns
anos nota-se a convergência para a leitura virtual a par-
tir da disponibilidade de conteúdos de mídia impressa
para a internet e agora com o formato de e-book. É o
momento de mercado e de profissionais ficarem atentos
a esse movimento e fazerem ajustes em seus modelos
de negócios a fim de se adaptarem e manterem seus
leitores fiéis. Mas não podemos afirmar que é o fim da
informação impressa; é o momento de as empresas en-
contrarem formas de mesclar mídias, principalmente
com a interação entre elas, como complementar con-
teúdos de um para outro ou até com uso de tecnologias
que interagem do papel com o mundo virtual, como o
Paulo Faria, gerente de divisão da Heidelberg