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GRAPHPRINT AGO 10
EDITORIAL
“Pro cês todos”
Há 60 anos numa longínqua cidade do interior paulista um mineiro e um italiano,
sempre às barras dos tribunais por uma demanda de terra, travaram uma disputa
voraz. O italiano, dono de mais posses, dormia tranquilamente; o mineiro, caboclo
pobre, temia a derrota. Na sua doce inocência o mineiro sugeriu uma ideia ao
advogado: “Fale ao juiz que nós somos pobres e que meus filhinhos vivem doentes.
Para o italiano, um palmo de terra a mais é indiferente. Fale também ao juiz que se
ele me ajudar a ganhar a causa lhe presenteio com uma leitoa.”
Livre de condolência, o advogado retruca: “O senhor não sabe o que está falando.
Mandar uma leitoa de presente para o juiz, paulista da velha-guarda, família
quatrocentenária, é dar de bandeja a vitória ao italiano.”
Sem alternativas, o mineiro consente. Sendo assim, a disputa foi rolando pelos
burocráticos caminhos do sistema. O mineiro, o italiano, o advogado e, claro, o juiz,
então, terão tempo suficiente para acompanharem as novidades da edição de agosto
da GRAPHPRINT.
Ao folheá-la logo notarão que a impressão rotativa, mesmo ganhando novos
competidores, como é o caso dos e-books, tende a ganhar novas demandas. Um
indicador desse crescimento é o movimento de mudança das classes sociais no
Brasil, principalmente a ascensão social da classe C, que reflete diretamente no
mundo da impressão rotativa.
Logo ali, mais algumas páginas, saberão que a indústria fornecedora de tintas
para impressão rotativa ruma em busca da forma da fôrma ambiental ideal. Alguns
obstáculos, como o aumento no custo das matérias-primas, não são suficientes para
barrarem desenvolvimentos mais competitivos.
Enquanto isso, na sala de justiça, por ser lenta, mas ativa, a disputa dá ao quarteto
a chance de saber que, nascida em 2007, por meio de joint venture entre as
multinacionais IBM e Ricoh, a InfoPrint Solutions Company, uma provedora de
soluções de impressão para clientes comerciais, desde pequenas empresas até
grandes corporações, a partir de julho, tornou-se integralmente uma subsidiária
do Grupo Ricoh. A aquisição definitivamente consolida a estratégia da Ricoh de
expandir a atuação no mercado de soluções de impressão de alto volume. “A maioria
dos negócios da InfoPrint é de equipamentos de alto volume. Historicamente, o que
faltava no leque de produtos da Ricoh para conseguir atender o mercado de ponta
a ponta era exatamente o topo da pirâmide”, fala Luis Giovanni Faria, gerente-geral
Brasil, o entrevistado da vez.
O hiato também trouxe à Gráfica Santa Bárbara novos ares. A gráfica soteropolitana
investiu R$ 20 milhões, sendo R$ 5 milhões na construção e R$ 15 milhões em
equipamentos de alta capacidade produtiva; na região, emprega diretamente
100 profissionais, e indiretamente, 300 pessoas. Como tradicionalmente o Norte
e Nordeste do Brasil são regiões carentes em amplos setores, muitos clientes se
sentiam obrigados a migrarem para o Sudeste. Devido ao seu pioneirismo, a chance
de negócio no “mercado interno” é bem mais ampla.
Por aqui, no Sudeste, deu tempo para a AlphaGraphics Pinheiros investir quase R$
1 milhão em seu parque gráfico e iniciar campanha ecológica a partir do selo FSC.
E, publicada em primeira mão pela GRAPHPRINT, vai
uma notícia interessante: das mais de 300 unidades da
AlphaGraphics espalhadas em todo o mundo, quatro
foram as finalistas do prêmio “Most Improved Award”,
que celebra a unidade com maior crescimento em
vendas e em lucratividade do ano fiscal 2009-2010.
A vencedora foi a unidade Pinheiros, que cresceu
quase três vezes mais do que a segunda colocada, a
unidade de Pittsburg, no estado da Pensilvânia, EUA.
Há ainda informações sobre o Sistema Integrado de
Bolsas de Resíduos, organizado pela Confederação
Nacional da Indústria, que conta como 6300 empresas
vendem, compram, trocam ou doam sobras de
processos industriais, como plásticos, papéis e sucatas
metálicas; os cases de sucesso da Ferrostaal e da
Heidelberg; a Campanha de Valorização Impressa
(www.imprimiredarvida.org.br), entre outros temas que
configuram o mercado gráfico. Enfim, é uma edição que
pretende erradicar, por um breve período, sua sede de
informação. Boa leitura.
Quase me esqueço. Chegou o grande dia do veredicto
e o mineiro ganhou a demanda. Ressabiado, o próprio
advogado do ganhador disse que jogava fora seu diploma
se nesse angu não tivesse mosquito. De fato, disse o
mineiro, nem eu estou acreditando; do meu ‘jeitim’ peguei
uma leitoa gorda e despachei, de uma cidade vizinha,
para o juiz. “Só não mandei no meu nome, mandei no
nome do italiano.” Tchau pro cês!
Perseverança e sucesso,
Fabio Sabbag