Revista Graphprint - Edição 185

GRAPHPRINT Mai/Jun 2018 39 Giro Modelo atual de arrecadação de impostos afeta estrutura das empresas brasileiras Atualmente, as empresas têm de pagar imposto de um determinado produto que elas nem sabem se vão vender, tornando o sistema quase inviável para os empresários O modelo de arrecadação de impostos no Brasil é oneroso e afeta diretamente a estrutura das empresas no país. A afirmação é do especialista em macroeconomia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Ellery Júnior. Ele explica que o número excessivo de im- postos federais, estaduais e municipais, e as formas como são co- brados causam interferências econômicas significantes na cadeia produtiva das indústrias. Impostos como o PIS/Cofins e o IPI são cobrados sobre o fatura- mento das empresas e de forma antecipada. “Hoje, o sistema tribu- tário brasileiro tem uma série de problemas. É muito difícil pagar imposto no Brasil. Além de complicado nós estamos fincados em impostos ruins. Impostos que, ao invés de atingirem o valor agre- gado, atingem o faturamento”, explica Ellery Júnior. A Reforma Tributária, que está em discussão no Congresso Nacional, pode corrigir as distorções do modelo de arre- cadação e tornar o sistema mais moderno. O texto da matéria prevê a criação de dois tributos: o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e o Imposto Seletivo (IS). A ideia é que as novas taxas substituam os impostos federais, estaduais e municipais co- brados atualmente, como o IPI, IOF, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, Salário-Educação, Cide- -Combustíveis, ICMS e ISS. O novo modelo de cobranças de impostos, que está pronto para ser votado na Câmara dos Deputados tem relatoria do deputado federal Luiz Carlos Hauly, do PSDB pa- ranaense. O parlamentar tem trabalhado para convencer os colegas a votarem a favor do projeto. No entanto, o relator da refor- ma corre contra o tempo. Recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM fluminense, disse que talvez não haja tempo suficiente para aprovar todos os temas do texto antes das eleições deste ano. A estimativa de um provável engavetamento da Reforma Tributária no Congresso Nacional seria ruim para a produção industrial, para a economia e trabalhadores, pois o modelo atual de arrecadação é antigo e não atende mais às necessidades do mundo globalizado e moderno. “Então, a gente pode melhorar muito. Facilitar a vida do empresário, facilitar a vida do trabalhador. De repente, desonerar, no sentindo amplo, a folha de trabalho. O Brasil paga muito im- posto em cima do trabalho e criar um modelo mais leve, um mode- lo mais compatível com a necessidade de agilidade de uma empresa moderna”, ressalta o macroeconomista Ellery Júnior. Para não deixar a Reforma Tributária de lado, o governo federal estuda a possibilidade de mandar ao Congresso Nacional um texto alternativo para mudar, em partes, o projeto apresentado pelo de- putado Hauly. A proposta seria de simplificar o modelo de arrecadação de impostos sem acabar com o ICMS, imposto estadual cobrado na circulação de mercadorias e serviços. A tática seria de não mexer com a arrecadação dos estados para diminuir a resistência dos parlamentares, criada em torno do texto original da reforma no Congresso Nacional.

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